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Metade das mulheres vítimas de violência nunca contou a ninguém

21 de novembro de 2017 às 14:55

"A violência contra as mulheres é um problema muito maior do que as estatísticas mostram", referiu o Instituto Europeu para a Igualdade de Género.

Quase metade das mulheres vítimas de violência nunca contou a ninguém. Assim, os casos relatados são "apenas uma fracção da realidade", avançou esta terça-feira o Instituto Europeu para a Igualdade de Género (EIGE).

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Foto: Sophia Hernandez / EyeEm
Foto: Getty Images
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"A violência contra as mulheres é um problema muito maior do que as estatísticas mostram", disse o EIGE em comunicado, alertando para o problema numa conferência sobre o Índice de Igualdade de Género 2017, que decorreu esta terça-feira no Parlamento Europeu, em Bruxelas.

De acordo com o Instituto Europeu para a Igualdade de Género, quase uma em cada duas mulheres (47%) que foi vítima de violência nunca disse a ninguém, "seja à polícia, serviços de saúde, um amigo, vizinho ou colega".

"A violência contra as mulheres é tanto uma causa como uma consequência da desigualdade de género", disse Virginija Langbakk, directora do EIGE.

Langbakk afirmou ainda que "nas sociedades que toleram a violência" os agressores não são punidos, as vítimas são culpadas e as "mulheres têm menos probabilidades de falar sobre isso".

Para acabar com essa "cultura de silêncio e de culpa das vítimas", são necessárias respostas "mais fortes dos governos, da polícia e da justiça".

"As mulheres devem saber que as suas queixas serão levadas a sério e a justiça será feita para que possam recuperar as suas vidas", frisa.

À luz das recentes denúncias divulgadas na comunicação social, o Parlamento Europeu apresentou uma resolução para o combate ao assédio e ao abuso sexual.

O Parlamento Europeu exige uma abordagem de tolerância zero em relação ao assédio sexual, encoraja as vítimas a falar e exorta os políticos a actuarem como modelos responsáveis na prevenção e combate do assédio sexual.

"O assédio sexual não é inofensivo e tem um custo elevado para as pessoas, as suas famílias e o resto da sociedade", alertou a responsável.

Para acabar com a violência, "precisamos urgentemente de enfrentar a impunidade e o estigma social, que levam a uma sub-notificação".

"Os homens e os rapazes também têm de ser envolvidos na prevenção da violência, porque a igualdade de género é responsabilidade de todos", diz a também presidente do Comité do Parlamento da UE sobre os Direitos da Mulher e a Igualdade de Género.

Para ilustrar o espectro da violência, o EIGE desenvolveu uma nova ferramenta, como parte do Índice da Igualdade de Género, que avalia as várias formas de violência contra as mulheres, desde o assédio sexual até à morte.

Também ajuda a medir outras formas de violência, como o tráfico de seres humanos, a violência entre parceiros íntimos, agressões sexuais e violações.

"Pela primeira vez, temos uma pontuação comparável para violência contra mulheres na UE e em cada Estado-membro", explica.

A pontuação da UE é de 27,5 em cada 100 (quanto maior a pontuação, pior a situação), mostrando que "o fenómeno é prevalente, grave e pouco relatado".

As pontuações variam entre 22,1 na Polónia a 44,2 na Bulgária. A alta pontuação na Bulgária deve-se principalmente à taxa de não-divulgação da violência, que é mais de três vezes a média da UE (48,6 e 14,3, respectivamente).

Segundo o Eurobarómetro de 2016, 15% dos europeus ainda consideram a violência doméstica como uma questão privada, mas as coisas começaram a mudar nos últimos tempos e as mulheres estão a denunciar mais.

As recentes alegações de assédio sexual em Hollywood levaram à campanha mundial #MeToo que pretende quebrar o silêncio sobre o assédio sexual e a violência contra as mulheres.

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