Família Mangione, do sonho americano à detenção de Luigi
Nicholas Mangione, avô do suspeito de matar o CEO da UnitedHealthcare, construiu uma fortuna em Baltimore ligada à construção. Foi ainda combatente na II Guerra Mundial.
O apelido Mangione tem estado na boca do mundo nos últimos dias depois deLuigi Mangioneter sido acusado deassassinar o CEO da UnitedHeathcare, Brian Thompson, em Nova Iorque. No entanto este é um apelido que já esteve associado a muitas outras coisas: negócios, riqueza e poder, especialmente dentro da comunidade italiana em Baltimore.
No centro de Baltimore, Maryland, existe um bairro conhecido como Little Italy que tem sido um ponto de encontro para os imigrantes italianos que começaram a chegar ao país em grande número nos séculos XIX e XX. Foi aqui que nasceu Nicholas Mangione, em 1925, e aí criou a sua família. Durante a II Guerra Mundial serviu na Marinha e depois de regressar a casa construiu uma série de negócios, começando por ser empreiteiro.
Os meios de comunicação locais descrevem-no como uma pessoa determinada, e até agressiva quando o assunto estava relacionado com negócios. Depois de comprar o resort Truf Valley, em 1978, deu uma entrevista onde afirmou: "As pessoas achavam que só conseguiria comprar se tivesse dinheiro da máfica. Toda a gente me perguntava a que família pertencia, e eu respondia: ‘Pertenço à família Mangione. A família Mangione do Condado de Baltimore’".
A sua influência dentro da cidade foi crescendo de tal forma que à entrada do centro de saúde de Baltimore está escrito: "Doado por Nicholas e Mary Mangione".
Em 1995, Nicholas afirmou ao The Baltimore Sun: "Não tinha dois cêntimos para esfregar quando o meu pai morreu e tinha 11 anos, mas mesmo assim tornei-me milionário". Nicholas Mangione morreu em 2008, deixando o legado económico a dez filhos e 37 netos, incluindo Luigi. Os negócios foram mantidos, e expandidos, incluindo atualmente clubes de campo, campos de golfe, casas de repouso e até três estações de rádio locais.
O jovem de 26 anos agora detido na Pensilvânia tem uma história muito diferente da do avô. Viveu toda a sua infância de forma privilegiada e estudou num dos melhores colégios de Baltimore, a Escola Gilman, onde a anualidade pode custar quase 36 mil euros. Depois da sua detenção nenhum membro da família reagiu publicamente, a não pela declaração assinada por Nino Mangione, legislador estadual republicano, onde era possível ler: "Estamos chocados e devastados".
Sobre os pais de Luigi, Louis e Kathleen Mangione, pouco se sabe, mas segundo os relatos feitos aos meios de comunicação locais a mãe será dona de uma agência de viagens.
Segundo a Fox News, Mary Mangione deixou cerca de 30 milhões de dólares aos seus filhos e netos depois de morrer, em 2023, no entanto o seu testamento terá uma cláusula onde é referido que qualquer uma das pessoas que receba a herança não deve estar "acusado, indicado, condenado ou se ter declarado culpado de um crime". É ainda referido que "o benefício da dúvida não seja dado ao indivíduo".
Até ao momento ainda não está claro como é que a vida de Luigi Mangione está ligada às motivações que o levaram a assassinar Brian Thompson. Porém, alguns amigos disseram ao HuffPost e ao The New York Times que ele sofria de dores constantes que o impediam de surfar e que prejudicavam a sua vida amorosa.
Num bloco de notas encontrado com Luigi Mangione estava escrito: "Francamente, estes parasitas estavam a pedi-las. Os EUA têm o sistema de saúde mais caro do mundo e, no entanto, ocupamos a 42ª posição em termos de esperança média de vida. A United é a maior empresa [indecifrável] dos EUA em termos de capitalização bolsista, atrás da Apple, da Google e da Walmart. Tem crescido e crescido, mas e a nossa esperança média de vida? Não, a realidade é que estes [indecifrável] simplesmente se tornaram demasiado poderosos e continuam a abusar do nosso país para obterem imensos lucros, porque o público americano lhes permitiu que se safassem".
Luigi formou-se na Universidade da Pensilvânia, onde tirou mestrado em ciência da computação e fundou um clube de criação de videojogos. Nos últimos anos mudou-se para Honolulu, no Havai, onde vivia numa residência partilhada.
Edições do Dia
Boas leituras!