Secções
Entrar

Campanha contra violência no namoro aposta nas redes sociais para chegar aos jovens

Lusa 12 de fevereiro de 2021 às 08:24

Campanha tem a parceria do cantor AGIR e de influenciadores digitais, para esclarecer comportamentos e divulgar linhas de apoio.

O Governo tem a partir de hoje uma nova campanha contra a violência no namoro, dirigida aos mais jovens e com a parceria do cantor AGIR e de influenciadores digitais, para esclarecer comportamentos e divulgar linhas de apoio.
secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Rosa Monteiro Peter Spark / Movephoto
Em entrevista à agência Lusa, a secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade adiantou que a campanha #NamorarSemViolência tem uma mensagem, dirigida especialmente aos mais jovens, sobre comportamentos que são violência, que será difundida através das plataformas sociais.
Rosa Monteiro explicou que a campanha é apadrinhada pelo cantor e compositor AGIR, que gravou uma mensagem com um apelo para os mais jovens, e tem também a participação de seis influenciadores com presença ativa nas plataformas sociais Tik Tok e Instagram, porque, mais uma vez, resolveram apostar em "agentes de difusão que realmente têm influência sobre os grupos mais jovens".
O objetivo é "reforçar o conhecimento e a divulgação sobre as linhas de apoio que existem", além de pretender fazer um apelo à denúncia e à procura de informação, desde logo através da linha da Comissão para a Cidadania e a Igualdade Género (CIG) 800 202 448 ou do número de sms 3060.
A campanha, disponível a partir de hoje, tem por base pequenos vídeos gravados por cada um dos influenciadores, que depois são partilhados nas suas páginas, e que "refletem aquilo que são comportamentos (...) que são muito legitimados, comportamentos que não são considerados pelos jovens como sendo violência ou agressão".
O foco da campanha são os canais digitais porque, tal como explicou a secretária de Estado, é onde muitas vezes os adultos, pais ou educadores, não conseguem chegar.
Referiu, a propósito, que o mais recente relatório do Instituto Europeu para a Igualdade de Género (EIGE, na sigla em inglês) refere que na União Europeia cerca de 20% das raparigas entre os 18 e os 29 anos diz ter sido vítima de assédio sexual 'online'.
"Porém, quando analisamos o relatório nacional da cibersegurança de 2019 o que nos diz é que estas questões, de discursos de ódio 'online', de violência 'online', é que em Portugal é pouco considerado pelas próprias pessoas, eles referem muito a invisibilidade e o não reconhecimento do fenómeno", sublinhou.
Admitiu, por isso, que são precisas "mais e melhores ferramentas para conhecer e combater o fenómeno", defendendo que os adultos têm de estar mais preparados, nomeadamente através de cursos de literacia digital, para acompanhar esta área, tendo em conta a "quantidade de horas considerável que neste momento todas as pessoas em geral passam" frente aos computadores ou telemóveis.
Defendeu que é preciso "monitorizar estes novos fenómenos", mas também "mais mecanismos para tornar efetivo o seu combate", além de mais prevenção: "E aqui a prevenção é de banda larga, é para tudo aquilo que está na origem dos comportamentos de violência de género na juventude".
A apresentação da campanha decorre hoje num webinar, que servirá também para apresentar os dados de dois estudos sobre violência no namoro, um da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) e outro da Associação Plano I.
"Os dados da UMAR mostram que 58% de jovens até ao 12.º ano de escolaridade reportam já ter sofrido pelo menos uma forma de violência e 67% de jovens consideram como natural algum dos comportamentos de violência. Os dados da associação Plano i, cujo estudo incide sobre a população universitária, mostram que 53,8% de jovens já sofreram pelo menos um ato de violência no namoro", refere o gabinete da secretária de Estado.
Na opinião de Rosa Monteiro, estes dados demonstram que continua a haver tolerância social perante o fenómeno, o que demonstra que continua a ser preciso um trabalho de informação, esclarecimento e de dar visibilidade.
Apontou que normalmente na base desta legitimação da violência está o ciúme como forma de amor, mas que traz "conceções tradicionalistas de género, estereótipos de género assente em papeis enraizados e em visões enraizadas a cerca do que é ser rapaz ou rapariga".
"É muito chocante encontrar as mesmas expressões entre casais jovens e em idades mais tardias, entre homicidas, por exemplo. A ideia de que se não é minha não és de mais ninguém", sublinhou.
A secretária de Estado disse ainda que no último trimestre de 2020 arrancaram mais cinco projetos, financiados pela CIG, dedicados à intervenção primária entre crianças e jovens, entre eles um projeto da associação Plano I para "trabalhar masculinidades violentas e agressivas", com 34 escolas parceiras "para trabalhar ferramentas de autorregulação emocional".
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela