Beatriz Costa, Maria Teresa Horta ou Brites de Almeida. A luta por mais igualdade nos nomes públicos
O novo projeto “Hack for Equality” tem como objetivo incluir as mulheres que fazem História na denominação de aeroportos, de monumentos e toponímia portugueses.
O governo de Luís Montenegro anunciou que o projeto do aeroporto em Alcochete iria receber o nome de Aeroporto "Luís de Camões" em maio de 2024. A partir desse momento, criou-se um furor nas redes sociais de críticas à escolha e a notar que todos os aeroportos portugueses são batizados com nomes de homens. Do aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, ao Sá Carneiro, no Porto, passando pelo Cristiano Ronaldo, na Madeira.
Agora, a Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres (PpDM) lança uma campanha, "Hack for Equality", com o objetivo de colocar no mapa as mulheres que marcam a História de Portugal. O desafio lançado através das suas redes sociais é simples, de forma a apelidar o novo aeroporto com o nome de uma mulher que mereça esse reconhecimento, cada pessoa tem a possibilidade de, através do Google Maps, colocar o nome de uma mulher que tenha contribuído para a História de Portugal por cima da área onde está prevista a sua construção.
Em comunicado, Joana Frias Costa, vice-presidente da PpDM afirma que "o facto de todos os aeroportos portugueses terem nomes de homens é, por si só, sintomático de uma História que apagou, durante séculos, o contributo das mulheres". Criticando a escolha de apelidar o novo aeroporto de "Luís de Camões", Joana diz que "o que choca é que perante uma nova oportunidade, continuemos a repetir o padrão, sem sequer considerar a possibilidade de homenagear uma mulher".
"Esta campanha reivindica aquilo que é justo e evidente: que as mulheres que marcaram Portugal tenham também o seu lugar no espaço público. É tempo de corrigir esta invisibilidade histórica. É tempo de reescrever o mapa com mais igualdade", conclui.
Este projeto apresenta também dois estudos que mostram a desigualdade entre homens e mulheres na toponímia nas cidades portuguesas. No caso de Lisboa, um estudo conduzido por Manuel Banza, um cientista de dados, revela que, das cerca de 5 mil ruas existentes, apenas 5% são dedicadas a mulheres, enquanto 44% possuem nomes de homens. No entanto, quando se olha apenas para ruas com nomes de pessoas, 91% homenageiam homens e 9% mulheres.
No Porto, os valores são muito semelhantes. Uma análise realizada por João Bernardo Narciso e Cláudio Lemos indica que 44% das ruas possuem nomes de homens e apenas 4% homenageiam mulheres.
Esta falta de representação em aeroportos e ruas, também se alarga a monumentos históricos. Embora a plataforma afirme que não existem dados para apoiar este argumento, quando se quantificam os monumentos dedicados a homens em comparação com os que homenageiam mulheres, o valor é maior.
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