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Portugueses fazem contas à vida em Macau

Três dias após a passagem do Hato por Macau há negócios portugueses entre os comércios e lojas que aguardam pela luz para avaliar os estragos

Três dias após a passagem do Hato por Macau há negócios portugueses entre os comércios e lojas que aguardam pela luz para avaliar os estragos, enquanto outros que "respiram de alívio" pelos prometidos apoios financeiros do governo.

Marco Policarpo, português radicado em Macau há 11 anos, vive o drama das inundações na zona do Porto Interior, na península de Macau, a partir da Tailândia, onde está de férias com os filhos.

Foi à distância que, em contactos com o sócio e a mulher em Macau, tomou conhecimento dos estragos causados pelo tufão e subida do nível das águas na pizzaria onde investiram há três anos na zona do Porto Interior, uma das mais expostas às inundações na península de Macau.

"Toda a Metropizza ficou submersa", disse à Lusa, indicando que a água atingiu dois metros de altura.

Numa primeira avaliação, os prejuízos podem ir até 15,7 mil euro, o que inclui máquinas, equipamentos de refrigeração, embalagens de papelão e outros. "A maior parte foi à vida", lamentou.

A estes somam-se ainda estragos em duas viaturas. "São mais 30 a 40 mil patacas [entre cerca de três e quatro mil euros] por carro", afirmou.

"Naquela zona há sempre cheias, mas, como esta, nunca tinha visto. Foi terrível", recordou.

Aos prejuízos nos equipamentos somam-se perdas pelos dias em que vão estar fechados para limpezas, reparações ou substituição das máquinas e eventuais obras. Pelas contas de Marco Policarpo, podem ter de ficar parados duas semanas.

"Há essa parte dos salários, que se tem de pagar, independentemente de estarmos ou não a facturar", disse o sócio da pizzaria, que emprega quatro funcionários.

Antes do tufão Hato, os investidores da Metropizza já tinham tido registado outros prejuízos devido a cheias, "mas uma coisa mínima".

"Penso que foi há três anos: a água chegou a cerca de um palmo de altura, mas não causou quase estrago nenhum, foi papelada, uns caixotes, muito pouca coisa, nada que se compare. Foi cerca de meio-dia de limpeza e depois reabrimos novamente", lembrou.

O Governo de Macau criou uma linha de crédito, sem juros, para as pequenas e médias empresas (PME) afectadas pelo tufão Hato até ao montante máximo de 63 mil euros, e anunciou um pacote deMedidas de abonoparas as PME "responderem às situações de emergência", com um limite máximo de 3,15 mil euros.

O anúncio das medidas para os negócios afectados fez com que Marco Policarpo ficasse "muito mais descansado".

"É um grande peso que nos sai de cima dos ombros. (...) Foi um grande alívio. É uma notícia que esperava. Tanto que falei sempre disso com o meu 'staff': pedi-lhes para tirarem fotografias a tudo, para num eventual apoio do governo termos as provas de que a nossa loja está no estado em que está", acrescentou.

Um dia depois da passagem do tufão por Macau, a também empresária portuguesa Raquel Fera, da Portuguese Bakery, não sabia ainda quantificar prejuízos da fábrica e loja na zona da Barra, no Porto Interior.

"Sinceramente não faço ideia", disse à agência Lusa, explicando que só depois de haver luz poderá avaliar os estragos nas máquinas ou testá-las.

"Estamos essencialmente à espera de luz para ver o que está lá dentro. Não se consegue ver nada, temos de andar com lanternas e nunca se consegue ver bem as coisas assim", explicou.

Numa primeira avaliação, Raquel Fera falou nas perdas da loja: "Tudo o que era matérias-primas foi para o lixo e parte da decoração também ficou danificada, porque temos muita coisa em madeira, e a água ficou mais ou menos à altura da cintura, ou seja, alagou tudo: o balcão, as mesas, os sofás. Tivemos sorte porque não ficámos com vidros partidos, mas lá por dentro ficou assim".

A panificadora já não produziu na noite antes do tufão. "Apesar de o governo não dar essas notícias [de alerta de tempestade] com avanço (...), tomámos logo a decisão de não abrir a loja e de não produzir o pão durante a noite (...) porque corríamos o risco de estar a trabalhar e depois estar tudo fechado e nem podíamos vender nem fazer nada".

A decisão da empresária e do marido viria a revelar-se acertada para "evitar maiores prejuízos".

"Só que desta vez foram chuvas, tufão e as marés vivas que fizeram transbordar tanta água. E como é uma cidade que tem muito lixo, e os esgotos e tudo, não foi possível fazer a drenagem da água e começou a ficar tudo inundado", afirmou.

"Realmente na zona onde temos a fábrica é sempre muito propícia a inundações, mas nunca [nos aconteceu] nada assim desde que estamos na zona há cerca de quatro anos", sublinhou a empresária, indicando que vão "tentar todos os apoios que conseguirem".

Apesar de o Governo estar já a avançar com planos de apoio financeiro, ainda desconhece a dimensão dos prejuízos.

"Não tivemos ainda tempo para contabilizar prejuízos económicos. Quando tivermos vamos anunciar sem falta", afirmou na quinta-feira o chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On.

Entretanto as autoridades emitiram um alerta para uma nova tempestade tripocal que deverá atingir macau este fim-de-semana.

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