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Portugal tem uma das maiores crises habitacionais da Europa

Lusa 16 de dezembro de 2024 às 17:28

País apresenta pior relação entre rendimentos e preços da habitação desde que há dados. Em dez anos, os preços de compra de habitação "mais do que duplicaram em Lisboa, Porto e Algarve".

Portugal tem uma das maiores crises habitacionais da Europa, apresentando a pior relação entre rendimentos e preços da habitação desde que há dados, revelou um estudo hoje divulgado, coordenado pelo economista português Guilherme Rodrigues, em funções no Reino Unido.

O estudo, publicado sob chancela da associação Causa Pública, acrescenta que o caso português "foi mesmo o que mais se deteriorou" em todos os 38 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e que, na última década, os preços de compra de habitação "mais do que duplicaram em Lisboa, Porto e Algarve".

Coordenado pelo economista Guilherme Rodrigues e redigido por Ana Drago, João Reis, Guilherme Ferreira e Nuno Serra, o relatório consultado pela agência Lusa formula diversas ideias-chave, onde se inclui a de que, "ao contrário da maioria dos países, os preços da habitação em Portugal continuaram a aumentar mais do que os rendimentos em 2022 e 2023, apesar das subidas nas taxas de juro".

Por outro lado, defendeu a Causa Pública, o "fortíssimo aumento de preços da habitação mina a igualdade de oportunidades entre pessoas de diferentes regiões e gerações, gerando novas tensões e conflitos na sociedade e criando dificuldades na captação de trabalhadores para a administração pública e as empresas".

O estudo indica ainda que Portugal "tem um dos menores parques de habitação pública e social da OCDE" e que este "não se expandiu na última década", o que vem dificultar uma eventual capacidade de regulação do mercado e resposta à atual crise de habitação, "expondo de forma particularmente crítica a população mais pobre às dinâmicas de mercado", avisam os autores.

A Causa Pública assinalou, ainda, que o aumento do peso do imobiliário prejudica toda a economia: "não só devido ao agravamento dos custos de produção diretos (custos com arrendamento e compra de espaço), como indiretos (atração de mão-de-obra qualificada)".

Argumentou que estas duas dinâmicas, quando conjugadas, dificultam o desenvolvimento dos setores mais produtivos e inovadores, essenciais para a melhoria da qualidade de vida da população.

Definindo-se como uma associação em que os seus elementos se dizem empenhados na "construção de novos caminhos para Portugal, através do debate público e participado sobre o modelo de desenvolvimento e as opções de governação do país, a partir de diferentes perspetivas da esquerda portuguesa", a Causa Pública assume como seus valores fundamentais a defesa do bem comum, a democracia, a igualdade e a sustentabilidade.

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