Secções
Entrar

Peritos defendem que concentração de urgências obstétricas não implica encerramentos

Lusa 21 de fevereiro de 2023 às 14:14

Documento está em consulta pública. Antes de qualquer decisão, é preciso "assegurar a qualidade e a segurança dos cuidados obstétricos e neonatais nas unidades circundantes, através de visitas locais".

O grupo de peritos que propôs a reorganização dos serviços hospitalares de Obstetrícia e Ginecologia defende que a concentração de urgências não implicaria o encerramento de serviços nem o fim da atividade programada.

REUTERS/Regis Duvignau

Na proposta de Rede de Referenciação Hospitalar em Obstetrícia, Ginecologia e Neonatologia que está em consulta pública e que já foi criticada pela Ordem dos Enfermeiros, os especialistas que propuseram a concentração de seis urgências de obstetrícia e ginecologia e blocos de partos nas regiões Norte, Centro e de Lisboa e Vale do Tejo argumentam que esta medida "não implicaria o encerramento de serviços nem a cessação da atividade programada em obstetrícia e ginecologia nos hospitais visados".

Admitindo que a concentração de algumas urgências de Obstetrícia e Ginecologia/bloco de Partos "parece ser a única forma de assegurar rapidamente alguma estabilidade de resposta nesta área", os peritos escrevem que esta concentração levaria a que as atividades relacionadas com a urgência, trabalho de parto, puerpério e cuidados neonatais "fossem deslocalizadas para outra instituição".

No documento, explicam ainda que os profissionais de saúde dos hospitais visados precisariam de acordar com a instituição "a prestação da atividade semanal de urgência noutro local", mas sublinham que se mantinha inalterada a restante atividade programada.

O grupo de peritos que elaborou esta proposta, coordenado pelo médico Diogo Ayres de Campos, diretor do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Santa Maria, defende ainda que, antes de qualquer decisão de concentração de urgências de Obstetrícia e Ginecologia/bloco de Partos, é preciso "assegurar a qualidade e a segurança dos cuidados obstétricos e neonatais nas unidades circundantes, através de visitas locais".

"A decisão final de concentrar estes recursos necessita de ser antecedida de uma avaliação detalhada das instalações e equipamentos dos hospitais circundantes, bem como dos seus recursos humanos", referem os peritos.

No documento que está em consulta pública, os 18 especialistas que o elaboraram dividem os hospitais em três níveis, sendo que na referenciação obstétrica e de diagnóstico pré-natal apenas seis são de nível III, o mais diferenciado -- Braga, S.João (Porto), Centro Hospitalar do Porto, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, Santa Maria (Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte) e Maternidade Alfredo da Costa.

Explicam que os hospitais de Nível I deverão ter um serviço de Obstetrícia e Ginecologia "adequado à resolução de patologia não-complexa" e um serviço de Pediatria "com a capacidade de prestar cuidados neonatais a recém-nascidos com idade gestacional superior a 34 semanas e, caso tenham uma Unidade de Neonatologia com capacidade de prestar cuidados neonatais especiais (...), a recém-nascidos acima das 32 semanas".

No âmbito da ginecologia oncológica estes hospitais "devem garantir os meios necessários para o diagnóstico e estadiamento de tumores, podendo realizar alguns procedimentos cirúrgicos como a excisão da zona de transformação e histerectomias em tumores uterinos de bom prognóstico", escrevem.

No nível II ficam os hospitais com pelo menos 1.000 partos anuais, um serviço de Obstetrícia e Ginecologia "com a capacidade de assegurar todos os cuidados de saúde descritos para os hospitais de nível I (para a população da sua área de influência direta) e adicionalmente os cuidados necessários para a resolução de patologia obstétrica e ginecológica complexa, tendo acesso a uma Unidade de Cuidados Intensivos de Adultos". Estas unidades devem igualmente ter uma Unidade de Neonatologia.

No nível III os peritos colocam os hospitais com pelo menos 1.500 partos anuais e sediados em Hospitais Universitários, integrados em Centros Académicos Clínicos, "onde existe ensino pré e pós-graduado em Obstetrícia e Ginecologia e Pediatria". Devem ainda ter um Departamento de Obstetrícia e Ginecologia, um Serviço de Obstetrícia, um Serviço de Ginecologia e uma Unidade de Neonatologia.

Estas unidades devem oferecer centros de referência para a resolução de patologia obstétrica e ginecológica de elevada complexidade. É também nestes hospitais que decorre o treino para as subespecialidades de "Oncologia Ginecológica", "Medicina da Reprodução" e "Medicina Materno-Fetal".

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela