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Papa: "As religiões querem a paz, são os outros que querem a guerra"

27 de julho de 2016 às 18:50

A bordo do avião com destino à Polónia, onde vai participar das Jornadas Mundiais da Juventude, Francisco defendeu que existe uma guerra no mundo, mas de interesses, não religiosa

O Papa Francisco não tem dúvidas: "o mundo está em guerra", mas não de religiões, e sim "de interesses". "Quando falo em guerra, falo numa guerra de interesses, por dinheiro, pelos recursos da natureza, pelo domínio dos povos. Mas não é uma guerra de religiões. Todas as religiões querem a paz, são os outros que querem a guerra", afirmou Francisco, a bordo do avião com destino à Polónia, onde vai participar das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ).


No actual momento de violência, a primeira palavra que surge é "insegurança, mas o verdadeiro termo é guerra", disse o P
apa, referindo-se ao assassínio do padre francês Jacques Hamel, de 85 anos, degolado num ataque reivindicado pelo autoproclamado Estado Islâmico contra uma igreja nos arredores de Rouen, noroeste de França.

Mas o Papa lembrou também a morte de muitos inocentes e não apenas na Europa. "Há muito que o mundo está numa guerra fragmentada. Recordemos este santo padre que foi morto quando rezava por toda a Igreja. Ele é uma vítima, mas quantos cristãos, quantos inocentes, quantas crianças... Pensemos, por exemplo, na Nigéria", afirmou.

 

O Papa também se referiu ao actual momento como uma guerra "não-orgânica", ou seja, não-declarada, mas "sim, organizada", esclareceu.

A esperança nos jovens à partida para a Polónia 

O Papa Francisco iniciou esta quarta-feira a visita à Polónia, onde decorrem as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ) em Cracóvia, tendo previstos encontros com jovens e um percurso em silêncio pelos campos de Auschwitz e Birkenau. Aos jornalistas, disse esperar que "os jovens dêem um pouco de esperança neste momento" ao mundo.

 

Francisco, que viaja pela primeira vez para o coração da Europa católica, à qual ainda não tinha prestado atenção por preferir aquelas que denomina de "periferias do mundo", vai transformar esta visita numa homenagem a João Paulo II, que como papa se deslocou nove vezes ao país natal. 

 

O programa da 15ª viagem do Papa tem previstas várias cerimónias e pelo menos dez discursos em italiano. A quinta-feira vai ser o dia de homenagem à tradição católica polaca, com uma missa no santuário de Jasna Gora, em Czestochowa, por ocasião dos 1.050 anos do baptismo na Polónia.

 

O dia seguinte - sexta-feira - vai ser marcado pela dor e pelo silêncio, durante a visita de Francisco aos campos nazis de Auschwitz e Birkenau, onde morreram 1,1 milhões de pessoas entre judeus, ciganos, homossexuais e prisioneiros de guerra. O Papa vai encontrar-se com dez sobreviventes do holocausto e com 25 'Justos entre as Nações', não-judeus que puseram a vida em risco para salvar judeus do extermínio nazi durante a Segunda Guerra Mundial.

 

Em Auschwitz, o Papa argentino vai percorrer os lugares que lembram São Maximiliano Kolbe, o sacerdote polaco que morreu no campo depois de se oferecer para tomar o lugar de outra pessoa.

 

De volta a Cracóvia, em Blonia, Francisco vai assistir à via-sacra, organizada por ocasião das JMJ, e dirigir algumas palavras aos fiéis.

 

No sábado, Francisco vai celebrar missa no santuário da Divina Misericórdia, dedicado a João Paulo II.

 

Depois de um almoço com 12 jovens, em representação dos cinco continentes, no arcebispado, o papa celebra uma vigília de oração com os jovens a quem dedicará o seu discurso, no Campus da Misericórdia.

 

No domingo celebra uma missa para a multidão e, à tarde, encontra-se com os voluntários na arena Tauron antes de regressar a Roma, onde aterra às 20h30 locais (19h30 em Lisboa).

 

A organização do 31.º encontro mundial dos jovens católicos, uma criação de João Paulo II, espera receber entre um milhão e meio e dois milhões de jovens, mas as inscrições oficiais rondam as 360 mil, incluindo cerca de sete mil portugueses.

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