Secções
Entrar

Lisboa suspende novos alojamentos locais durante seis meses

Lusa 30 de outubro de 2024 às 21:32

A proposta surgiu para antecipar o impacto das alterações ao Regime Jurídico da Exploração dos Estabelecimentos de Alojamento Local.

A Câmara de Lisboa aprovou hoje, por unanimidade, a proposta do PS para a "suspensão imediata" de novas licenças de alojamento local na cidade, descartando a iniciativa da liderança PSD/CDS-PP que sugeria a "suspensão total" de novos registos.

Em reunião pública da câmara, as duas propostas foram votadas em alternativa, tendo a do PS reunido o apoio de todos os vereadores da oposição -- PS, PCP, BE, Livre e Cidadãos Por Lisboa --, descartando a do PSD/CDS-PP, que governa sem maioria absoluta. Na segunda volta da votação, a iniciativa do PS foi viabilizada por unanimidade.

A proposta do PS, que terá agora de ser submetida à Assembleia Municipal de Lisboa, determina a "suspensão imediata" da autorização de novos registos de alojamento local (AL), "por um prazo de seis meses, sem prejuízo da sua renovação por igual período, até à entrada em vigor da alteração ao Regulamento Municipal do Alojamento Local", a aplicar nas freguesias onde se verifique um rácio entre o número de estabelecimentos de AL e o número de fogos habitacionais existentes "igual ou superior a 2,5%" ou enquanto o município, no seu todo, apresentar um rácio "igual ou superior a 5%".

Considerando que este rácio é hoje de 7,5%, com esta proposta, "é impossível que no estado atual haja novas licenças", indicou a vereadora do PS Inês Drummond.

Apesar de registar que a iniciativa da liderança PSD/CDS-PP surge "a reboque de uma proposta do PS", a socialista manifestou disponibilidade para consensualizar os dois documentos e "ter uma proposta única", alertando para "alguns problemas jurídicos" na proposta da gestão de Carlos Moedas (PSD), mas destacando que "é a primeira vez" que o social-democrata vota a favor de uma medida para limitar o alojamento local.

Na apresentação do documento, Carlos Moedas disse que a sua proposta "é mais simples", porque pretende a "suspensão total, zero novos registos de estabelecimento de alojamento local em toda a cidade", a partir de sexta-feira e até à entrada em vigor da alteração ao regulamento municipal desta atividade económica.

Apesar de ambas as propostas terem o mesmo objetivo, o autarca do PSD considerou que "não faz muito sentido consensualizar as duas".

"Entre 2010 e 2019, o alojamento local aumentou em Lisboa de 500 unidades para 19 mil unidades. Temos de ter aqui um regulamento", reforçou o social-democrata, lembrando que o processo de alteração do regulamento foi adiado até aprovação da Carta Municipal da Habitação e realçando a necessidade de "discutir os limites para travar esta quantidade de registos" de AL na cidade.

As propostas para suspender novos registos de AL surgiram para antecipar o impacto das alterações ao Regime Jurídico da Exploração dos Estabelecimentos de Alojamento Local (RJEEAL), que entram em vigor na sexta-feira, prevendo-se um aumento dos pedidos para novos registos.

Do PCP, João Ferreira concordou que as recentes alterações legislativas representam "um problema sério", o que exige uma intervenção da câmara, referindo que se deve "ter um regulamento o mais depressa possível".

O comunista afirmou que, entre as propostas de PS e PSD/CDS-PP, "o efeito prático é o mesmo", em que não pode haver nenhum registo de AL, questionando sobre a "segurança jurídica" da iniciativa da liderança de Carlos Moedas, inclusive a entrada em vigor na sexta-feira quando ainda não foi votada pela assembleia municipal.

O vereador dos Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre) Rui Franco registou "satisfação pela unanimidade nesta matéria" e perguntou sobre a discussão do tema daqui a seis meses num quadro de eleições autárquicas.

Beatriz Gomes Dias, do BE, defendeu a redução do AL para 5% na cidade e acusou Carlos Moedas de "lançar confusão para o debate" com a sua proposta, lembrando que faz parte da força política do Governo que aprovou as alterações e desafiando o social-democrata a retirar a sua iniciativa e a votar a do PS.

Em resposta, Carlos Moedas considerou que a acusação do BE é "sem qualquer fundamento" e procura "fomentar o ódio".

A vereadora do Urbanismo, Joana Almeida (independente eleita pela coligação "Novos Tempos" PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), explicou que com a proposta de PSD/CDS-PP "o ponto de partida é zero", para evitar a "caça à licença" que a aplicação de um rácio pode permitir, indicando que na cidade há "7.000 licenças fantasmas".

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela