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Kim Jong-Nam pediu ao líder norte-coreano para lhe poupar a vida

15 de fevereiro de 2017 às 09:02

Kim Jong-Nam, meio-irmão de Kim Jong-Un, alegadamente assassinado na segunda-feira, implorou ao líder norte-coreano para poupar a sua vida e a da sua família após uma tentativa de assassínio em 2012

Kim Jong-Nam, meio-irmão de Kim Jong-Un, alegadamente assassinado na segunda-feira, implorou ao líder norte-coreano para poupar a sua vida e a da sua família após uma tentativa de assassínio em 2012, afirmaram hoje deputados sul-coreanos.

Kim Jong-Nam, filho mais velho do falecido líder da Coreia do Norte Kim Jong-Il, foi assassinado na segunda-feira no aeroporto de Kuala Lumpur, na Malásia, alegadamente por duas mulheres presumivelmente ao serviço da Coreia do Norte em circunstâncias ainda envoltas em mistério.

Segundo declararam hoje deputados sul-coreanos aos jornalistas, após uma reunião à porta fechada com o chefe do Serviço Nacional de Inteligência (NIS, na sigla em inglês), Lee Byung-Ho, agentes da Coreia do Norte tentaram assassinar Kim Jong-Nam em 2012, incidente que levou depois o meio-irmão de Kim Jong-Un a implorar ao líder norte-coreano que poupasse a sua vida e a da sua família.

"Segundo [Lee Byung-Ho], ele foi vítima de uma tentativa de assassínio em 2012 e Kim Jong-Nam enviou em Abril desse ano uma carta a Kim Jong-Un dizendo: 'Por favor, poupa-me e à minha família'", relatou Kim Byung-Kee, membro de comissão parlamentar sobre os serviços de informação, aos jornalistas.

A família de Kim Jong-Nam - a sua actual e anterior mulher e os seus três filhos - vive actualmente em Pequim e em Macau, segundo Lee Cheol-Woo, um outro membro da mesma comissão parlamentar sul-coreana.

"Eles estão sob a protecção das autoridades chinesas", afirmou, confirmando que Kim Jong-Nam entrou na Malásia no dia 6, ou seja uma semana antes de ser morto.

Kim Jong-Nam, de 45 anos, que era conhecido como um partidário de reformas no seu país, manifestou-se crítico do modelo de sucessão dinástica e vivia de facto no exílio.

A Coreia do Sul só confirmou hoje oficialmente que o meio-irmão do líder da Coreia do Norte, Kim Jong-Un, foi assassinado na Malásia, depois de a informação ter sido avançada na terça-feira pelos media sul-coreanos.

Kim Jong-nam, que estaria a aguardar um voo para Macau, foi envenenado na segunda-feira por duas mulheres, não identificadas, no aeroporto internacional de Kuala Lumpur, acabando por sucumbir a caminho do hospital.

Entretanto, a polícia malaia divulgou hoje uma imagem de uma das duas mulheres suspeitas de terem assassinado o meio-irmão do líder norte-coreano, retirada das gravações das câmaras de segurança do terminal 2 do aeroporto de Kuala Lumpur.

Nas imagens surge uma mulher com traços asiáticos, tez branca e cabelo de tamanho médio, vestida com uma camiseta branca e uma saia azul, antes de apanhar um táxi.

A polícia indicou que foi iniciada uma operação de busca pelas duas suspeitas do ataque contra Kim Jong-Nam.

Entretanto, o corpo de Kim Jong-Nam foi transferido numa ambulância, escoltada por diversos veículos da polícia, até ao Hospital Geral de Kuala Lumpur, para a realização da autópsia, de modo a determinar-se a causa da morte e a confirmar a identidade, segundo o jornal The Star.

Pelo menos três carros com matrícula diplomática e pertencentes à representação da Coreia do norte no país encontram-se estacionados no recinto hospitalar.

O inspector-geral da polícia malaia, Khalid Abu Bakar, indicou, no seu mais recente comunicado aos media, que, segundo os documentos, a vítima tinha passaporte com o nome Kim Chol.

Hoje o primeiro-ministro e actualmente Presidente em funções da Coreia do Sul, Hwang Kyo-Ahn, declarou que o assassínio de Kim Jong-Nam por agentes ao serviço da Coreia do Norte, se confirmado, ilustra "a brutalidade do regime" de Pyongyang.

"A confirmar-se que o assassínio foi levado a cabo por parte do regime norte-coreano tratar-se-ia de um flagrante exemplo da sua natureza brutal e desumana", afirmou Hwang Kyo-Ahn, durante a referida reunião, convocada hoje de urgência pelo Executivo para analisar a situação, segundo a agência noticiosa Yonhap. 

Hwang Kyo-Ahn sublinhou a "grande importância" de se esclarecer o caso, assinalando que Seul se encontra a "analisar de perto os movimentos da Coreia do Norte" para determinar o seu eventual impacto na segurança da Coreia do Sul.

Kim Jong-Nam, que teria cerca de 45 anos, era o filho primogénito do ditador norte-coreano Kim Jong-il, filho da sua primeira concubina, a actriz Song Hye-rim.

Até ao início do século XXI era considerado o provável sucessor do pai, que morreu no final de 2011.

Em 2001, no entanto, foi detido no aeroporto de Tóquio com um passaporte falso com o qual alegadamente queria visitar um parque Disney no Japão.

Emigrou para a China em 1995 e vivia desde então entre Pequim e Macau.

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