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Irão: 'Polícia da moralidade' poderá ser substituída por “novas tecnologias”

Lusa 05 de dezembro de 2022 às 20:39

"A missão das patrulhas da polícia da moralidade terminou", declarou Ali Janmohamadi, porta-voz do Centro de promoção da virtude e proibição do vício, em declarações ao diário Jamaran.

O Centro de Promoção da Virtude e Proibição do Vício do Irão afirmou esta segunda-feira "que a missão da polícia da moralidade terminou", mas sublinhou que estão a ser estudadas novas tecnologias para controlar o vestuário das mulheres.

Nazanin Tabatabaee/WANA (West Asia News Agency) via REUTERS/File Photo

"A missão das patrulhas da polícia da moralidade terminou", declarou Ali Janmohamadi, porta-voz do Centro de promoção da virtude e proibição do vício, em declarações ao diárioJamaran.

No entanto, Janmohamadi indicou que "estão a ser tomadas decisões sobre a castidade e o véu, para que, se Alá quiser, se apliquem num âmbito mais moderno, com o uso de novas tecnologias".

O funcionário defendeu que existe um forte sentimento popular para que se respeitem "a castidade e o 'hijab'", véu feminino, pelo que "as autoridades policiais e judiciais devem tomar medidas".

As autoridades iranianas utilizam tecnologias, incluindo câmaras rodoviárias, para multar as mulheres que conduzem sem o véu obrigatório, e que podem implicar até dois meses de prisão.

O regime iraniano está confrontado há mais de dois meses com protestos após a morte de Mahsa Amini, detida pela 'polícia da moralidade' por uso incorreto do véu, e desde então esta unidade especial deixou de percorrer as ruas do país.

As revoltas iniciaram-se devido à morte da jovem curda mas adquiriram nova dimensão, com os manifestantes a questionarem a República Islâmica fundada pelo ayatollah Ruhollah Khomeini em 1979.

Em cerca de três meses de protestos, e segundo diversas organizações, terão sido mortas mais de 400 pessoas e cerca de 2.000 acusadas de diversos delitos pela participação nos protestos, com seis condenações à morte.

Janmohamadi terá desta forma confirmado o anúncio emitido no final da passada semana sobre o fim das atividades da 'polícia da moralidade', um corpo que desde 2005 exige que as mulheres respeitem o código sobre vestuário imposto pela República Islâmica.

O procurador-geral do país, Mohamad Yafar Montazeri, afirmou que o polémico corpo "não tem nada a ver com o poder judicial e foi suprimido por quem o criou", no que foi interpretado como o fim da força.

No entanto, os meios conservadores negaram de seguida a supressão da 'polícia da moralidade', que depende do Ministério do Interior e do Conselho Supremo Cultural da Revolução.

O Centro de Promoção da Virtude e Proibição do Vício do Irão vigia o comportamento moral no país, e entre os seus membros incluem-se os ministros do Interior, das Informações e da Cultura, entre outros.

A 'polícia da moralidade' existe na sua atual forma desde 2005, mas previamente assumiu outras designações e era gerida por diversos organismos responsáveis pela aplicação das leis em vigor.

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