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Índia. Professora força alunos a esbofetear colega muçulmano

Lusa 26 de agosto de 2023 às 15:50

Polícia já apresentou queixa contra docente. Acontecimento gerou uma onda de indignação numa altura em que muitos falam em crescente atmosfera de ódio contra as minorias, especialmente contra os muçulmanos.

Uma professora obrigou os alunos a esbofetear e agredir, no norte da Índia, um estudante muçulmano de sete anos, revela um vídeo que está hoje a circular e a indignar as redes sociais.

Reuters

No vídeo é possível ver um menino de sete anos a chorar enquanto é agredido à vez por colegas que são instigados por uma professora de um centro educacional no estado de Uttar Pradesh, no norte da Índia.

A voz da professora Trapta Tyagi ouve-se no vídeo com frases como: "Já disse que todas as crianças muçulmanas deveriam partir" ou "Porque é que estás a bater assim? Bate com mais força. De quem é a vez agora?".

O vídeo terá sido gravado por um homem não identificado do distrito de Muzaffarnagar, que responde à professora: "Tem razão [estas crianças muçulmanas] estão a arruinar a educação".

O episódio terá servido para punir o jovem estudante muçulmano por não aprender a tabuada, segundo o superintendente da polícia de Muzaffarnagar, Satyanarayan Prajapat.

"Investigamos e descobrimos que a mulher afirmou no vídeo que os estudantes muçulmanos são mimados pelas mães e não têm atenção aos estudos", disse o oficial, em comunicado.

A agência de notícias espanhola EFE dá conta de que a polícia apresentou já queixa contra a professora.

Já segundo depoimentos recolhidos pelo jornal Indian Express, inicialmente, o pai da vítima afirmou que o filho deixaria de ir à escola, mas não apresentaria queixa.

Este acontecimento gerou uma onda de indignação no país asiático, onde políticos e cidadãos denunciaram o que aconteceu em Muzaffarnagar e falam em crescente atmosfera de ódio contra as minorias, especialmente contra os muçulmanos, que representam cerca de 15% da população indiana.

"Estão a envenenar crianças inocentes com o veneno da discriminação. Transformam um lugar sagrado como a escola num local de ódio. Não há nada pior que um professor possa fazer pelo país", disse o político da oposição do Partido do Congresso (INC) Rahul Gandhi, na rede social X, anteriormente conhecida como Twitter.

Gandhi culpou o partido nacionalista hindu Bharatiya Janata (BJP) do primeiro-ministro Narendra Modi por "espalhar o fogo com que toda a Índia se queima".

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