Secções
Entrar

Imane Khelif pede "fim do bullying" após polémica

Lusa 05 de agosto de 2024 às 12:31

O bullying "pode destruir as pessoas, pode matar os pensamentos, o espírito e a mente das pessoas", frisou a atleta argelina que já arrecadou o bronze.

A pugilista argelina Imane Khelif disse que as alegações infundadas quanto ao seu género "prejudicam a dignidade humana" e apelou ao fim do bullying contra atletas.

"Envio uma mensagem a todas as pessoas do mundo para defenderem os princípios olímpicos e a Carta Olímpica, para se absterem de intimidar todos os atletas, porque isso tem efeitos, efeitos enormes", disse Khelif, numa entrevista divulgada no domingo à noite.

O bullying "pode destruir as pessoas, pode matar os pensamentos, o espírito e a mente das pessoas", acrescentou, em árabe, a atleta de 25 anos, a um serviço televisivo parceiro da agência de notícias Associated Press.

Katie Goodale-USA TODAY Sports


Khelif garantiu já uma medalha nos Jogos Paris2024, ao apurar-se para as meias-finais da categoria de -66 kg, numa modalidade que atribui dois bronzes.

No sábado, Khelif derrotou a húngara Anna Luca Hamori por pontos, numa decisão por unanimidade, e, na terça-feira, vai discutir com Janjaem Suwannapheng o acesso à final, depois da tailandesa, vice-campeã mundial, ter afastado a campeã olímpica, a turca Busenaz Surmeneli.

A argelina, que atingiu os quartos de final em Tóquio2020, bem como a taiwanesa Lin Yu-ting (-57 kg), para já nos 'quartos', após ter sido afastada na primeira ronda há três anos no Japão, estão no centro de alegações infundadas sobre o seu género.

O Comité Olímpico Internacional (COI) tem defendido a sua participação, ante um coro de vozes que entendem que não deveriam estar a competir entre mulheres.

Esta situação tem sido mesmo das mais polémicas de Paris2024, com os debates nas redes sociais, nos quais até já participam, entre outros, o antigo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a escritora J.K. Rowling, ou a Primeira-Ministra italiana Geórgia Meloni.

"Vamos ser muito claros aqui: estamos a falar sobre boxe feminino. Temos duas pugilistas que nasceram mulheres, que foram criadas como mulheres, que têm passaporte de mulher e que competem há muitos anos como mulheres. E esta é a definição clara de mulher. Nunca houve qualquer dúvida sobre elas serem mulheres", defendeu no sábado o presidente do COI, Thomas Bach.

Khelif e Lin enfrentaram escrutínio internacional depois de terem sido banidas do mundial de 2023 pela Associação Internacional de Boxe, entidade reguladora excluída do olimpismo pelo COI, e na qual competiram desde sempre, e que nunca apresentou dados concretos para justificar a sua nova decisão, alicerçada em supostos níveis elevados de testosterona.

No domingo, Khelif recusou responder quando questionada se tinha sido submetida pela Associação Internacional de Boxe a outros exames para além dos testes antidoping, dizendo que não queria falar sobre o assunto.

A atleta expressou gratidão ao COI e a Thomas Bach por a terem apoiado: "Sei que o Comité Olímpico me fez justiça e estou feliz com esta solução porque mostra a verdade".

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela