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Holanda: Líder da extrema-direita condenado por discriminação

09 de dezembro de 2016 às 13:23

Geert Wilders foi julgado por ter prometido "menos marroquinos" no país. Foi condenado por insulto e discriminação, mas absolvido de incitamento ao ódio

O líder da extrema-direita holandesa Geert Wilders, julgado por ter prometido "menos marroquinos" na Holanda, foi condenado por insulto e discriminação, mas absolvido de incitamento ao ódio, anunciou hoje o juiz que presidiu ao processo.

O Ministério Público tinha pedido que Wilders fosse condenado a uma multa de 5.000 euros, mas o tribunal decidiu não impor uma sentença porque a condenação é castigo suficiente para um deputado democraticamente eleito, explicou o juiz Hendrik Steenhuis.

"Neste caso, a questão mais importante era saber se Wilders pisou o risco. Este julgamento respondeu a essa questão", disse.

Numa primeira reacção através do Twitter, Wilders qualificou o veredicto de "loucura" e afirmou que os juízes odeiam o seu Partido da Liberdade (PVV).



O deputado não esteve presente na audiência, mas o advogado disse que vai recorrer da decisão.

Para o tribunal, as declarações de Wilders "fazem uma distinção entre a população marroquina e outros grupos da população da Holanda".

"O carácter inflamatório da forma como as declarações foram feitas incitou outras pessoas a discriminar as pessoas de origem marroquina", afirmou o juiz na leitura do veredicto.

Conhecido por posições anti-islâmicas e xenófobas, Wilders, 53 anos, foi julgado por declarações que fez numa reunião com militantes em 2014, na Haia, durante a qual questionou a audiência sobre se queria "mais ou menos marroquinos na [sua] cidade e no país".

A audiência respondeu aos gritos de "Menos! Menos! Menos!" e o político retorquiu com um sorriso: "Vamos tratar disso".

Segundo o Ministério Público, a polícia recebeu 6.400 queixas relativas àquelas declarações.

O julgamento realizou-se a poucos meses das próximas eleições legislativas holandesas, previstas para Março, e traduziu-se nas sondagens por um aumento do apoio ao partido de Wilders, que já liderava em percentagem de intenções de voto.

Em média, os estudos de opinião atribuem 34 deputados ao Partido da Liberdade, mais dez que ao partido do primeiro-ministro liberal Mark Rutte.

Pouco antes de ser anunciado o veredicto, Wilders, que considerou este julgamento "uma farsa política", afirmou que fosse qual fosse a decisão do tribunal vai "continuar a dizer a verdade sobre o problema marroquino e nenhum juízo, político ou terrorista", o vai impedir.

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