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Hezbollah libanês anuncia fim da mobilização "excecional" contra Israel após acordo

Lusa 27 de outubro de 2022 às 16:24

Nasrallah assegurou, todavia, que o acordo alcançado hoje "não é um tratado internacional nem um reconhecimento de Israel".

O líder do Hezbollah pró-iraniano no Líbano anunciou esta quinta-feira que o movimento pôs fim a todas as medidas militares excecionais impostas nos últimos meses a Israel após a conclusão do acordo sobre a delimitação da fronteira marítima bilateral.

REUTERS/Mohamed Azakir

Num discurso, Hassan Nasrallah, que ameaçou Israel se começasse a extrair gás do campo de Karish antes de se assinar um acordo, saudou aquilo que considerou ser "uma grande vitória" para o Líbano.

Nasrallah assegurou, todavia, que o acordo alcançado hoje "não é um tratado internacional nem um reconhecimento de Israel".

"Com a conclusão do acordo [...] a missão da Resistência acabou. Todas as medidas e provisões e as mobilizações excecionais e específicas da Resistência nos últimos meses terminaram", anunciou o líder do Hezbollah.

O líder da poderosa formação político-militar libanesa insistiu em considerar o acordo como "uma grande vitória para o Líbano", apesar de os dois países estarem ainda, tecnicamente, em estado de guerra.

O gabinete do primeiro-ministro em funções de Israel, Yair Lapid, anunciou hoje ter aprovado um acordo sobre a delimitação da fronteira marítima com o Líbano numa reunião extraordinária do Conselho de Ministros.

"O governo de Israel acaba de aprovar o acordo sobre a fronteira marítima entre Israel e o Líbano. Não é todos os dias que um país inimigo reconhece o Estado de Israel através de um acordo escrito e perante a comunidade internacional. O pacto é um marco em matéria de segurança, economia e energia", disse o gabinete de Lapid.

O acordo de demarcação da fronteira marítima com o Líbano vai ser assinado ainda hoje numa cerimónia oficial no sul do Líbano.

O presidente do Líbano, Michel Aoun, aliado do Hezbollah, que se recusa a dar "dimensão política" ao acordo, aprovou hoje de manhã o pacto, no Palácio Presidencial, em Beirute, na presença de Amos Hochstein, mediador norte-americano, que geriu negociações "indiretas" entre os dois países, que não mantêm relações diplomáticas.

Ainda hoje, os representantes dos dois governos vão deslocar-se à cidade fronteiriça de Nagoura, em território libanês, onde está instalada a sede da Força Provisória das Nações Unidas no Líbano (FINUL), para a assinatura definitiva do acordo

O pacto representa a primeira demarcação da fronteira marítima entre os dois países e acaba com um longo diferendo relacionado com zonas ricas em gás no Mediterrâneo.

As negociações, que começaram este ano, prolongaram-se durante vários meses. 

A zona marítima em questão consiste em 860 quilómetros quadrados de mar sobre as jazidas de gás de Karish e Qana. 

O acordo permite a Israel a exploração da jazida de Karish, onde o exército israelita intercetou desde julho vários 'drones' desarmados disparados pelo Hezbollah, e ao Líbano a exploração da zona de Qana. 

Sob este acordo, o campo de Karish fica inteiramente dentro das águas israelitas.

Hoje, a empresa Energean anunciou que já começou a extrair gás de Karish, sendo que a companhia TotalEnergies já foi destacada para a exploração na jazida de Qana. 

O acordo alcançado e firmado hoje, já saudado pelos Estados Unidos, ocorre menos de uma semana antes das eleições gerais em Israel e a poucos dias do prazo constitucional para a eleição do novo chefe de Estado do Líbano.

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