Secções
Entrar

Espanha: Sondagens dão vitória a Partido Popular

24 de junho de 2016 às 10:43

Espanhóis voltam às urnas no dia 26 de Junho. Jovens deverão votar nos partidos mais pequenos

Os espanhóis são chamados este domingo às urnas para desbloquear o impasse político que se vive desde as últimas eleições, em Dezembro passado, mas as divisões entre os partidos continuam grandes e já se adivinham negociações longas e difíceis.

As últimas sondagens indicam que o Partido Popular (PP, direita) será o mais votado com cerca de 30% das intenções de voto, a coligação Unidos Podemos (que reúne radicais de esquerda, comunistas, ecologistas e partidos regionais) consolida a segunda posição com cerca de 26% e ultrapassa o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), que ficaria com cerca de 21%, e o Ciudadanos (liberais centristas), com cerca de 15%.

Os últimos dias da campanha eleitoral, que termina às 24:00 (23:00 em Lisboa) de hoje, ficam marcados por mais uma polémica que atinge o governo de gestão presidido por Mariano Rajoy, líder do PP.

O ministro da Administração Interna em funções recusa demitir-se, como é pedido por toda a oposição, depois de ter sido publicada na terça-feira uma gravação de uma conversa que teve, há dois anos, com o chefe do departamento anti-fraude da Catalunha e em que os dois, alegadamente conspiravam para incriminar dirigentes de partidos independentistas.

O PSOE está numa posição mais difícil depois de ter sido ultrapassado em Maio pela coligação Unidos Podemos nas intenções de voto e de ter deixado de ser, tudo indica, um dos partidos charneira do sistema político espanhol.

Nos últimos 35 anos, PP e PSOE foram alternando à frente do governo espanhol, somando quase 85% dos votos e 90% dos lugares no parlamento, mas neste momento reúnem, em conjunto, apenas cerca de 50% das intenções de voto, o que coloca um ponto final no tradicional sistema bipartidário.

Num quadro em que nenhum partido deverá obter a maioria absoluta, consolida-se um sistema de quatro partidos de média dimensão, cada um com um peso que vai de 15% até 30%, com tudo o que isso implica em termos de negociações pós-eleitorais para formação de um governo estável.

Todos os candidatos têm estendido a mão ao PSOE para a formação de uma coligação pós-eleitoral, mas o líder socialista, Pedro Sanchez, recusa tomar uma posição que iria dividir ainda mais os seus votantes.

O líder da Unido Podemos, Pablo Iglesias, não tem dado descanso aos socialistas e tem aproveitado todas as oportunidades para os dividir e tentar atrair votos desse campo.

A campanha eleitoral ainda não tinha começado quando Pablo Iglesias afirmou que pretendia ocupar o espaço de uma "nova social-democracia" e alguns dias depois voltou a enfurecer os dirigentes socialistas ao considerar que o ex-líder do PSOE e ex-presidente do Governo José Luis Rodriguez Zapatero tinha sido "o melhor presidente" da democracia espanhola.

O PSOE tem-se mostrado incapaz de atrair votantes de esquerda que agora preferem a mensagem do Podemos, um partido criado há dois anos na sequência de grandes manifestações populares anti-austeridade.

Também o Ciudadanos, liderado por Albert Rivera, é um partido jovem que se coloca ao centro, entre o PSOE e o PP, e que defende a renovação dos dirigentes políticos e coloca o seu acento tónico na luta contra a corrupção que atinge principalmente dirigentes e membros dos dois partidos tradicionais, PP e PSOE.

O PP, liderado pelo presidente do actual Governo de gestão, Mariano Rajoy, defende a gestão dos últimos anos e a estabilidade das políticas em curso, que afirma terem tido sucesso visível no crescimento da economia e na redução do desemprego.

Sociólogos apontam uma grande alteração do sentido de voto por parte dos jovens espanhóis, que irão votar, na sua esmagadora maioria, nos dois partidos mais recentes, Podemos e Ciudadanos.

Os partidos políticos espanhóis quase renunciaram nesta eleições à publicidade nas ruas para não "contaminarem" com ruído eleitoral a vida quotidiana dos eleitores e também optaram por não realizarem grandes comícios, privilegiando ajuntamentos mais pequenos de pessoas, arruadas e até a propaganda porta a porta.

Os candidatos principais à presidência do Governo têm privilegiado a sua presença em programas de rádio e de televisão para dar a conhecer as suas propostas.

Apesar de estarem presentes diariamente no pequeno ecrã, os candidatos principais (PP, PSOE, Unidos Podemos e Ciudadanos) realizaram apenas um debate em conjunto, transmitido em directo e simultaneamente pelas principais televisões.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela