Espanha: Sondagens dão vitória a Partido Popular
Espanhóis voltam às urnas no dia 26 de Junho. Jovens deverão votar nos partidos mais pequenos
Os espanhóis são chamados este domingo às urnas para desbloquear o impasse político que se vive desde as últimas eleições, em Dezembro passado, mas as divisões entre os partidos continuam grandes e já se adivinham negociações longas e difíceis.
As últimas sondagens indicam que o Partido Popular (PP, direita) será o mais votado com cerca de 30% das intenções de voto, a coligação Unidos Podemos (que reúne radicais de esquerda, comunistas, ecologistas e partidos regionais) consolida a segunda posição com cerca de 26% e ultrapassa o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), que ficaria com cerca de 21%, e o Ciudadanos (liberais centristas), com cerca de 15%.
Os últimos dias da campanha eleitoral, que termina às 24:00 (23:00 em Lisboa) de hoje, ficam marcados por mais uma polémica que atinge o governo de gestão presidido por Mariano Rajoy, líder do PP.
O ministro da Administração Interna em funções recusa demitir-se, como é pedido por toda a oposição, depois de ter sido publicada na terça-feira uma gravação de uma conversa que teve, há dois anos, com o chefe do departamento anti-fraude da Catalunha e em que os dois, alegadamente conspiravam para incriminar dirigentes de partidos independentistas.
O PSOE está numa posição mais difícil depois de ter sido ultrapassado em Maio pela coligação Unidos Podemos nas intenções de voto e de ter deixado de ser, tudo indica, um dos partidos charneira do sistema político espanhol.
Nos últimos 35 anos, PP e PSOE foram alternando à frente do governo espanhol, somando quase 85% dos votos e 90% dos lugares no parlamento, mas neste momento reúnem, em conjunto, apenas cerca de 50% das intenções de voto, o que coloca um ponto final no tradicional sistema bipartidário.
Num quadro em que nenhum partido deverá obter a maioria absoluta, consolida-se um sistema de quatro partidos de média dimensão, cada um com um peso que vai de 15% até 30%, com tudo o que isso implica em termos de negociações pós-eleitorais para formação de um governo estável.
Todos os candidatos têm estendido a mão ao PSOE para a formação de uma coligação pós-eleitoral, mas o líder socialista, Pedro Sanchez, recusa tomar uma posição que iria dividir ainda mais os seus votantes.
O líder da Unido Podemos, Pablo Iglesias, não tem dado descanso aos socialistas e tem aproveitado todas as oportunidades para os dividir e tentar atrair votos desse campo.
A campanha eleitoral ainda não tinha começado quando Pablo Iglesias afirmou que pretendia ocupar o espaço de uma "nova social-democracia" e alguns dias depois voltou a enfurecer os dirigentes socialistas ao considerar que o ex-líder do PSOE e ex-presidente do Governo José Luis Rodriguez Zapatero tinha sido "o melhor presidente" da democracia espanhola.
O PSOE tem-se mostrado incapaz de atrair votantes de esquerda que agora preferem a mensagem do Podemos, um partido criado há dois anos na sequência de grandes manifestações populares anti-austeridade.
Também o Ciudadanos, liderado por Albert Rivera, é um partido jovem que se coloca ao centro, entre o PSOE e o PP, e que defende a renovação dos dirigentes políticos e coloca o seu acento tónico na luta contra a corrupção que atinge principalmente dirigentes e membros dos dois partidos tradicionais, PP e PSOE.
O PP, liderado pelo presidente do actual Governo de gestão, Mariano Rajoy, defende a gestão dos últimos anos e a estabilidade das políticas em curso, que afirma terem tido sucesso visível no crescimento da economia e na redução do desemprego.
Sociólogos apontam uma grande alteração do sentido de voto por parte dos jovens espanhóis, que irão votar, na sua esmagadora maioria, nos dois partidos mais recentes, Podemos e Ciudadanos.
Os partidos políticos espanhóis quase renunciaram nesta eleições à publicidade nas ruas para não "contaminarem" com ruído eleitoral a vida quotidiana dos eleitores e também optaram por não realizarem grandes comícios, privilegiando ajuntamentos mais pequenos de pessoas, arruadas e até a propaganda porta a porta.
Os candidatos principais à presidência do Governo têm privilegiado a sua presença em programas de rádio e de televisão para dar a conhecer as suas propostas.
Apesar de estarem presentes diariamente no pequeno ecrã, os candidatos principais (PP, PSOE, Unidos Podemos e Ciudadanos) realizaram apenas um debate em conjunto, transmitido em directo e simultaneamente pelas principais televisões.
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