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Erdogan vai reunir-se com Putin e Zelensky para retomar acordo de exportação de cereais

Lusa 01 de novembro de 2022 às 14:17

Presidente turco expressou o compromisso de manter o acordo de exportação de cereais oriundos da Ucrânia apesar da retirada da Rússia.

O Presidente turco, Recep Erdogan, vai reunir-se nos próximos dias, separadamente, com os homólogos russo, Vladimir Putin, e ucraniano, Volodymyr Zelensky, para retomar o acordo sobre as exportações de cereais, anunciou hoje o chefe da diplomacia da Turquia.

REUTERS/Umit Bektas

"O Presidente falará com Putin e Zelensky nos próximos dias. Acreditamos que vamos ultrapassar isto", disse Mevlüt Cavusoglu aos jornalistas, lembrando que o acordo para a exportação dos cereais "beneficia todos".

Segunda-feira, Erdogan expressou o compromisso turco de manter o acordo de exportação de cereais oriundos da Ucrânia apesar da retirada da Rússia, que já criticou e pôs em causa a decisão de Ancara.

"Embora a Rússia tenha dúvidas sobre isso, porque não tem as mesmas facilidades, nós vamos continuar os esforços para servir a humanidade", disse Erdogan, que, em conjunto com a Ucrânia, Rússia e Nações Unidas, tinham acordado, no verão passado, a exportação de 9,5 milhões de toneladas de cereais e de outros produtos alimentares.

O Presidente turco referiu-se aos esforços da Turquia para facilitar a chegada de cereais a países que enfrentam o risco de fome face ao bloqueio das exportações ucranianas devido à invasão russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro.

"Com o mecanismo conjunto que estabelecemos em Istambul, contribuímos para aliviar a crise alimentar", afirmou, referindo-se ao sistema estabelecido para que os navios que saem ou chegam aos portos ucranianos sejam inspecionados na cidade turca.

As palavras de Erdogan tiveram resposta de Moscovo no mesmo dia, com o Kremlin a afirmar que continuar a exportação de cereais da Ucrânia sem a Rússia será "perigoso".

Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, será "perigoso" e "difícil" continuar a implementar o acordo de cereais ucranianos sem Moscovo.

"Nas condições em que a Rússia fala sobre a impossibilidade de garantir a segurança da navegação nessas áreas, esse acordo é difícil de aplicar e toma um rumo diferente, muito mais arriscado, perigoso", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, depois de interrogado sobre a possibilidade de continuar a cumprir-se o acordo sem a Rússia.

A Rússia anunciou no domingo que suspendeu indefinidamente a participação no acordo, na sequência dos ataques, com 'drones' (aparelhos voadores não tripulados), a navios de guerra russos em Sebastopol, um porto localizado na península ucraniana anexada da Crimeia.

Nas declarações, Erdogan lembrou que a Ucrânia e a Rússia produzem um terço do trigo do mundo.

Vários navios partiram segunda-feira de portos ucranianos com destino a Istambul, havendo outros 16 que planeiam transitar pelo corredor marítimo humanitário, indicou Ismini Palla, porta-voz da ONU para o Centro de Coordenação Conjunta (JCC), que também inclui Ucrânia, Rússia e Turquia e Nações Unidas.

Para suprir a falta de inspetores russos, o JCC propôs, com conhecimento de Moscovo, que as delegações turcas e da ONU fornecessem 10 equipas para inspecionar, segunda-feira, 40 navios com autorização de saída, proposta que foi aceite pela Ucrânia.

Segundo o JCC, 112 navios de carga aguardam inspeção ao largo de Istambul.

O acordo sobre a exportação de cereais ucranianos, que entrou em vigor a 01 de agosto e expira a 19 de novembro, permitiu exportar mais de 9,5 milhões de toneladas de cereais e outros géneros agrícolas, segundo o JCC.

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