CGD: PS rejeita boicote e diz que é hora das conclusões
Socialistas reagiram às acusações de PSD e CDS sobre o boicote às audições de Vara e Centeno na comissão de inquérito à CGD
O deputado socialista João Paulo Correia reagiu, esta sexta-feira, às acusações de PSD e CDS sobre o boicote às audições de Vara e Centeno na comissão de inquérito à CGD, considerando que é a hora de chegar a conclusões. "Não há nenhum boicote. Já decorreram 14 audições até agora e não trouxeram nenhuma novidade que suscitasse a necessidade de novas audições. Neste momento, é importante que a comissão comece a chegar a conclusões e a preparar o relatório", afirmou àLusao coordenador do grupo parlamentar do PS.
João Paulo Correia realçou que o PS propôs no início dos trabalhos da comissão parlamentar de inquérito à gestão da CGD mais de uma dezena de audições, e que só duas não foram realizadas, pelo que agora pretende ouvir Nogueira Leite e Álvaro Nascimento, antigos administradores do banco público. "Também demos consentimento às duas audições propostas pelo Bloco de Esquerda e o PCP entendeu que não é necessário chamar mais ninguém", vincou, recordando que esta comissão de inquérito arrancou em Julho do ano passado e que faltam cerca de 60 dias para terminar o seu prazo.
E reforçou: "A acusação por parte do PSD de que a esquerda estava a boicotar as audições era mentira, porque tanto o PSD como o CDS podem usar os agendamentos potestativos a que têm direito".
De resto, João Paulo Correia disse que o CDS vai chamar Armando Vara (antigo administrador da CGD) e Mário Centeno (ministro das Finanças) ao Parlamento, pelo que a acusação feita contra o PS, BE e PCP "cai por terra".
Paralelamente, o PS reagiu também à acusação feita na quarta-feira pelo PSD contra o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues. Nesse dia, o PSD acusou Ferro Rodrigues de colocar em causa "o regular funcionamento do Parlamento" ao rejeitar o alargamento do objecto da comissão de inquérito sobre o banco estatal. "Deixámos hoje o nosso protesto durante a reunião da mesa e coordenadores [da comissão de inquérito]. Tratam-se de acusações sem fundamento", realçou João Paulo Correia.
O PSD, tal como o CDS, pretendia que o objecto da comissão de inquérito fosse alargado ao actual processo de recapitalização da CGD. "Para o PSD vale tudo desde que seja para prejudicar a CGD. São acusações desproporcionadas, infundadas e sem fundamento. O presidente da Assembleia da República deu o seu parecer devidamente fundamentado após consulta jurídica", rematou.
Os requerimentos para audições vão ser votados na próxima reunião ordinária da comissão de inquérito, quinta-feira, que é presidida pelo social-democrata Matos Correia.
Em 18 de Janeiro, o Tribunal da Relação decidiu dispensar o dever de sigilo bancário da CGD, Banco de Portugal e Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, determinando que disponibilizem a informação pedida pelos deputados no âmbito do processo de recapitalização do banco.
A comissão de inquérito tomou posse em 5 de Julho e viu o seu prazo prolongado recentemente por mais dois meses. O objecto dos trabalhos visa a gestão do banco público desde 2000, abordando ainda factos que levaram ao processo de recapitalização, aprovado por Bruxelas.
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