Secções
Entrar

40,5% dos médicos do centro do país estão exaustos

30 de junho de 2016 às 09:08

Um estudo realizado pela Secção Regional do Centro Ordem dos Médicos conclui que 40,5% destes profissionais apresenta sinais de exaustão emocional e que um quarto dos médicos está deprimida

O estudo, feito a partir de um inquérito em que participaram 1.577 médicos (20% do total de inscritos na secção - 8.042), refere que 40,5% tem sinais de exaustão emocional, 17,1% dos médicos apresenta despersonalização (atitudes negativas, cinismo, insensibilidade e irritação) e 25,4% não realização profissional.

Sete em cada cem dos inquiridos apresentam sinais deburnout elevado (conjugação de exaustão, despersonalização e não realização profissional), sendo que, desses, mais de metade têm idades compreendidas entre os 26 e os 35 anos, aponta o estudo a que a agência Lusa teve acesso.

O estudo identificou ainda que 24,5% dos profissionais de saúde obtiveram pontuação elevada na escala de depressão, 16,5% na escala de ansiedade e 16,4% de stress.

Dos inquiridos, 14,6% "é ou já foi acompanhado em consultas de psiquiatria" e um em cada dez é ou já foi acompanhado em consultas de psicologia clínica.

A doença crónica mais referida no inquérito da Secção Regional do Centro Ordem dos Médicos (SRCOM) é a hipertensão arterial (17,4%), seguindo-se de asma (14,2%) e diabetes (6,5%).

Apenas 11,8% dos médicos pratica meditação ou técnicas de relaxamento e 44% afirma que pratica uma actividade desportiva.

O estudo sugere que mulheres e profissionais na faixa dos 36 aos 45 anos apresentam valores de exaustão emocional mais elevados.

O presidente da secção regional da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, afirma que estava "à espera de resultados desta dimensão", contando que nas várias visitas que faz na região Centro encontra "o impacto doburnout nos médicos".

Para Carlos Cortes, "todos os profissionais do Serviço Nacional de Saúde estão expostos ao risco deburnout, em maior ou menor grau".

"Ninguém está imune", alertou, considerando que, "se não houver uma reversão muito rápida", promovida pela própria tutela, poderão surgir "situações muito gravosas", que afectam a própria qualidade e eficiência do serviço prestado nos hospitais e centros de saúde do país.

Segundo o presidente do SRCOM, o estudo foi também realizado com o intuito de se fazer um "levantamento do problema e criar um dispositivo para prevenir oburnout" e instrumentos para tratar os médicos que sofrem desta doença.

O estudo desenvolvido pela secção decorreu de Janeiro a Dezembro de 2015, tendo sido realizadas sete sessões de sensibilização em diferentes locais da região Centro sobre factores que potenciam oburnout e estratégias de prevenção do mesmo.

63,2% dos médicos presentes no estudo são mulheres e a idade média da amostra é de 42,83 anos.

A participação foi voluntária e anónima e foram utilizados instrumentos de medida "internacionais", permitindo que o estudo "possa ser usado do ponto de vista científico", frisou Carlos Cortes.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela