Explorador norueguês, Erling Kagge bateu vários recordes – um deles foi ser o primeiro a ir sozinho e a pé ao Polo Sul –, mas diz que não é viciado em adrenalina: prefere inspirar os seus leitores a desafiarem-se.
Para os herdeiros dos futuristas (todos nós), o ruído indica vida, está associado à potência, à energia, ao poder. O silêncio, pelo contrário, aponta para a cristalização, a suspensão ou a infinita lentidão do tempo, quando os dias parecem mais longos e entediantes.
Segundo a minha experiência, os nossos verdadeiros objetivos são os que estão em permanência em segundo plano. Podem ainda não estar completamente desenvolvidos, tal como podem ainda não fazer sentido, mas não podemos deitá-los fora.
Este caminho de busca interior que pode ser uma jornada ao encontro dos valores, do propósito ou da razão de ser é, na verdade, o "único" caminho.
Olhando para esta realidade, aqui desta linha que agora escrevo, sou cá da opinião de que calamidade é o confinamento, sendo o desconfinamento uma emergência e uma urgência.
Estamos habituados a percorrer muitos e diferentes pontos. Uns cardeais. Outros leigos. Uns de prazer. Outros de dor. Alguns nevrálgicos. E uns tantos de viragem. Mas onde está a ecologia de tudo isto? Onde fica mesmo o nosso ecoponto?
Quem são os nossos perguntadores? Aqueles que à dor fazem as perguntas de que ela precisa para se expressar e nessa revolta, em busca de uma resposta, se esquece de si própria.
Acordo, ligo o computador e concluo que a pena de morte afinal vigora no meu país. E em todos os outros países onde há Internet.
Esteve sozinho durante 50 dias enquanto explorava o Pólo Sul, mas também entrou nos esgotos de Nova Iorque. E alerta: "Precisamos de barulho, mas precisamos mais de silêncio."
