"É engraçado que a Joacine diz o que quer e ninguém se importa. Eu respondo e parece que já estou a ser racista e xenófobo", disse o presidente do Chega.
O presidente e deputado único do Chega vitimizou-se hoje, dizendo ser alvo de perseguição por ser multado por discriminar ciganos, depois de se envolver em nova troca de insultos com a deputada não inscrita Joacine Moreira.
"É engraçado que a Joacine diz o que quer e ninguém se importa. Eu respondo e parece que já estou a ser racista e xenófobo. O que a Joacine disse, no fundo, foi que aquilo que me devia ser aplicado -- acho um absurdo que me estejam a policiar o pensamento e a linguagem -- era uma pena criminal, que eu devia ir para a prisão", disse André Ventura, em declarações à Lusa.
Ventura foi notificado quarta-feira de uma multa de 438,81 euros por discriminar ciganos, numa publicação em agosto na rede social Facebook, pela Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR).
"Portugal é um Estado de Direito, democrático, que preza a liberdade de expressão. O que quis dizer foi que, se calhar, a Joacine está muito melhor em países de ditadura, como a Guiné, onde o pensamento é muito mais policiado. Não quis ir mais longe para não falar da Arábia Saudita ou outros para a Joacine se sentir melhor", afirmou o líder do partido da extrema-direita parlamentar.
O também candidato presidencial ainda pode então ser ouvido ou deixar correr o processo até ao Ministério Público, o qual deduzirá ou não uma acusação. No pior dos cenários, está em causa um crime de discriminação racial, cuja pena máxima é de cinco anos de prisão.
Joacine Moreira (ex-Livre) insurgiu-se quarta-feira contra o baixo valor da coima na rede social Facebook, classificando-a como "preço de um amendoim".
"Vergonha - sua palavra preferida - é o que devia ter na cara e não tem! E vergonha sinto eu também por saber que toda a violência racista e desinformação tem o custo de 400 euros para este agressor", escreveu sobre Ventura.
"Não vou alimentar muito isto. O que aconteceu hoje, mais uma vez, a juntar aos outros processos todos, é uma perseguição, um abuso do Estado de Direito. Não quero ir no caminho da Guiné, quero ir no caminho das democracias modernas, europeias, onde os líderes da oposição têm direito a falar", continuou Ventura.
Já em março, o Ministério Público instaurara um inquérito ao líder do Chega depois de, no final de janeiro, o mesmo ter reagido a uma proposta de Joacine Moreira sobre devolução de património às antigas colónias portuguesas com uma mensagem na sua página da mesma rede social propondo que "a própria deputada" fosse "devolvida ao seu país de origem".
Ventura respondeu hoje a Joacine, desta feita através da rede social Twitter, com nova expressão depreciativa: "é aquilo que eu sempre disse, na Guiné é que estava bem", escreveu, ilustrando com uma foto da deputada não inscrita.
"Confio muito na Justiça portuguesa e tenho a certeza que estes disparates que me estão a imputar mais não é do que tentar causar medo nos portugueses, mas os portugueses já estão muito vacinados contra isto e, no final, eu terei razão", concluiu.
Ventura diz-se vítima de perseguição após novos insultos a Joacine
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