Sábado – Pense por si

Pais de grafitters mortos na Maia querem levar revisor da CP a julgamento

25 de fevereiro de 2019 às 16:43
As mais lidas

A morte de três jovens, um português e dois espanhóis, ocorreu quando estariam a tentar grafitar as carruagens de um comboio que ali se encontrava parado e outra composição se cruzou a quase 120 quilómetros por hora.

Os pais de dois dos trêsgrafittersatropelados mortalmente por um comboio naMaia, em 2015, pediram a um juiz de instrução que mande julgar o revisor da CP que atacou os jovens com pó químico de extintor.

"Não podemos deixar de considerar o uso desproporcional e indevido do extintor pelo arguido, que diretamente contribuiu para o desfecho deste acidente", consideram os pais dos dois jovens, ambos de nacionalidade espanhola, no requerimento para instrução do processo, consultado esta segunda-feira pela agênciaLusano Juízo de Instrução Criminal de Matosinhos.

A morte de três jovens, um português e dois espanhóis, ocorreu às 20h30 de 7 dezembro de 2015 no apeadeiro Palmilheira-Águas Santas, na Maia, quando aqueles estariam a tentar grafitar as carruagens de um comboio que ali se encontrava parado e outra composição se cruzou a quase 120 quilómetros por hora.

OMinistério Públicoda Maia, que averiguou o caso durante três anos, determinou o arquivamento do processo, em 7 de novembro de 2018, deixando inconformados os pais dos dois jovens espanhóis, que querem o revisor da CP pronunciado por autoria material de um crime de homicídio por negligência e por um crime de omissão de auxílio.

A permanência dos jovens na via aquando a passagem do comboio atropelante "está intimamente ligada à existência da nuvem branca de pó químico, proveniente do extintor (...), causando efetivamente condições de fraca visibilidade", sublinha o requerimento para instrução do processo.

Acrescenta que o próprio maquinista testemunhou que "parecia uma neblina de cor branca e não deixava ver para além desse fumo".

O maquinista é precisamente uma das testemunhas que os pais dos jovens pedem que seja agora inquirido em sede de instrução.

A tese do Ministério Público, exposta no despacho que arquivou o caso, foi a de que a nuvem de pó químico gerada pela descarga do referido extintor "em momento algum tirou a visibilidade das luzes do comboio atropelante, apenas limitou a sua visibilidade na zona em que o mesmo foi libertado".

E por isso mesmo, concluiu, "não poderá ser-lhe imputada qualquer responsabilidade na produção do acidente em referência".

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
No país emerso

Por que sou mandatária de Jorge Pinto

Já muito se refletiu sobre a falta de incentivos para “os bons” irem para a política: as horas são longas, a responsabilidade é imensa, o escrutínio é severo e a remuneração está longe de compensar as dores de cabeça. O cenário é bem mais apelativo para os populistas e para os oportunistas, como está à vista de toda a gente.

Visto de Bruxelas

Cinco para a meia-noite

Com a velocidade a que os acontecimentos se sucedem, a UE não pode continuar a adiar escolhas difíceis sobre o seu futuro. A hora dos pró-europeus é agora: ainda estão em maioria e 74% da população europeia acredita que a adesão dos seus países à UE os beneficiou.