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Francisco Sousa Tavares: "O meu dia mais longo"

17 de abril de 2024 às 23:00

Ex-preso da PIDE e advogado de vários presos políticos, foi um dos mais destacados ativistas e opositores ao Estado Novo. Estava nas ruas de Lisboa no grande dia. A 27 de abril de 1974 escreveu no jornal República tudo o que sentiu. Recordamos essa crónica, 50 anos depois.

Hora a hora recordarei 25 de Abril como a festa mais bela de toda a minha vida. A festa que há tantos anos eu sonhava e esperava e em que já quase não acreditava. Senti-me vingado do 12 de Março de 1959, aquela madrugada distante em que, fardado de tenente, fui privado da bela loucura de atacar o quartel de Caçadores 5. Senti que tudo aquilo por que na vida lutara e sofrera valia finalmente a pena. O rio engrossara. E eu fora também um dos mil regatos que somados formavam agora aquela torrente magnífica de soldados e de povo, de nação e de Exército que reduzia finalmente a nada o porco sistema de mentira, negociata e força a que uma tribo suja de homens sem lei, sem vergonha e sem honra sujeitara o meu País por perto de 50 anos.

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