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Borba: "Não tem falhado nada" nas operações de resgate

Na mais recente actualização, o comandante distrital de Operações de Socorro de Évora afirmou que tem sido "difícil" o teatro de operações nas pedreiras em Borba.

O comandante distrital de Operações de Socorro (CODIS) de Évora, José Ribeiro, afirmou esta quinta-feira que "não tem falhado nada" nas operações de resgate nas pedreiras em Borba, argumentando ser "difícil" o 'teatro de operações'.

"Eu acho que não tem falhado nada, o que é difícil é realmente o 'teatro de operações' que nós temos, o local", declarou o comandante operacional, quando questionado pelos jornalistas sobre a alegada falta de resultados ao fim de quatro dias de trabalhos.

O responsável insistiu, tal como tem vindo a dizer desde o acidente, que é necessário estar preparado "para que esta operação leve o seu tempo", pois trata-se de "um local onde ocorreu uma derrocada muito significativa de massa, de terra e de pedras, com blocos de grandes dimensões e que são muito difíceis de remover".

"Tudo isso acrescenta dificuldade, ao mesmo tempo em que estamos a trabalhar a uma profundidade muito significativa e em que corremos permanentemente o risco de uma nova derrocada. Portanto, todas as manobras têm de ser calculadas porque todas as remoções de pedras, todos os trabalhos lá em baixo, podem ter repercussão depois em novos desmoronamentos", acrescentou, ao fazer o ponto de situação, ao início da noite, sobre as operações em curso em Borba.

O deslizamento de um grande volume de terras e o colapso de um troço da estrada entre Borba e Vila Viçosa, no distrito de Évora, para o interior de poços de pedreira ocorreu na segunda-feira às 15h45.

Segundo as autoridades, o colapso de um troço de cerca de 100 metros da estrada terá arrastado para dentro da pedreira contígua, com cerca de 50 metros de profundidade, uma retroescavadora e duas viaturas civis, um automóvel e uma carrinha de caixa aberta.

Na terça-feira à tarde foi retirado o corpo de um dos dois mortos confirmados, havendo ainda três pessoas dadas como desaparecidas.

O Ministério Público instaurou "um inquérito para apurar as circunstâncias que rodearam a ocorrência", segundo a Procuradoria-Geral da República, e duas equipas da Polícia Judiciária estão no local desde quarta-feira a proceder a investigações.

O Governo pediu na quarta-feira uma inspecção urgente ao licenciamento, exploração, fiscalização e suspensão de operação das pedreiras situadas na zona de Borba.

Geólogos alertam para risco de desabamento do restante troço da estrada

Entretanto, o presidente da Associação Portuguesa de Geólogos (APG), José Romão, alertou esta quinta-feira para o risco de desabamento do restante troço da estrada, junto às pedreiras em Borba.

Em declarações à agência Lusa, o responsável avisou que os possíveis novos deslizamentos podem ser provocados pela liquefacção do material argiloso que não caiu ou pela falha por onde o material que já caiu descolou.

José Romão observou que "a argila entrou em liquefacção e provocou o deslocamento do material", mas advertiu que "outra parte, que ainda não entrou em liquefacção, está lá e pode chegar, outra vez, ao limite de liquidez" e provocar um novo deslizamento.

Por outro lado, o presidente da APG alertou que "a falha por onde escorregou o material", na segunda-feira, "pode prolongar-se para um lado ou para o outro" da estrada e pode originar um novo deslizamento "mais à frente ou mais atrás".

"É [necessário] perceber se há alguma falha, alguma descontinuidade, por onde o material descolou e, se essa descontinuidade está lá, ela pode ter deslocado um segmento e no outro segmento não ter deslocado", referiu.

O também geólogo salientou, por outro lado, que podem ocorrer "novos escorregamentos em consequência de um novo desequilíbrio da vertente", sublinhando que terá de haver "muito cuidado com a retirada do material" que se acumulou no sopé da vertente.

"Se este tempo continuar, com mais chuva, a água vai fazer com que haja instabilidade das argilas que estão no topo e vai lubrificar as zonas de acidente", havendo "tendência para a ocorrência de mais escorregamentos", sublinhou.

José Romão considerou que "as vertentes íngremes próximas de 90 graus e a existência de falhas e fraturas" são "fatores que potenciam os escorregamentos", mas referiu que o deslizamento de terras e colapso de um troço da estrada, na segunda-feira, poderá ter sido desencadeado pela "chuva e vibração" dos veículos que passavam na via.

"Tem chovido bastante e as argilas que estão no topo, que estão sobre os calcários, são relativamente plásticas e, com a quantidade de precipitação, poderão ter atingido o limite de liquidez", apontou.

Além disso, acrescentou, "quando ocorreu o escorregamento, estavam a passar na estrada veículos e a sua vibração pode ter sido um factor desencadeante".

"Todos esses factores podem ter provocado a desagregação da parede", concluiu.

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