Não foi apenas a mulher de Mário Soares. Foi actriz. Teve vida política autónoma. Se não fosse a retaguarda sólida da família, talvez o socialista não tivesse sido quem foi. Em 1991, fez diplomacia paralela: abriu um corredor em Moçambique, essencial para os acordos de paz
Nas ruas imundas e esventradas, a multidão cantava: "Mamma Soares!" Os refugiados depositavam nela uma réstia de esperança. Por razões de segurança, a visita de Maria Barroso a Ressano Garcia tinha sido realizada contra a opinião do adido militar da Presidência da República. Era perigoso percorrer aquela zona de guerra civil a 100 quilómetros de Maputo, na fronteira de Moçambique com a África do Sul. Dias antes, o Presidente Joaquim Chissano manifestara-lhe admiração pelo "acto de coragem" ao teimar ir a uma região a ferro e fogo. Uma vez em Ressano Garcia, um elemento da comitiva perguntou a uma mulher porque não limpavam as ruas: "Para quê, minha senhora, se não sabemos se daqui a uma hora estaremos vivos?" Era assim, a 12 de Setembro de 1991. Os 200 mil refugiados moçambicanos ainda nem eram reconhecidos pelas Nações Unidas. A mulher do Presidente português, numa acção vista pelo Governo de Cavaco Silva como diplomacia paralela, desempenharia um papel influente nas negociações de paz em Moçambique. Sem poder formal, teve poder efectivo. No fim da visita, chorou numa igreja cheia de gente fugida da guerra. As condições eram dramáticas.
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