Secções
Entrar

Vereador do PCP detido por resistir às autoridades

02 de maio de 2017 às 16:43

Clemente Alves estava numa manifestação para impedir a construção de um parque de estacionamento. O vereador desmente as acusações

O vereador da CDU na Câmara de Cascais, Clemente Alves, foi detido esta terça-feira quando participava num protesto contra uma obra em São João do Estoril. O vereador acusou a polícia de o agredir e de fazer uso excessivo da força.

Em declarações à agência Lusa, o vereador explicou que se encontrava numa ação de protesto a convite de alguns moradores que estão contra a construção de um parque de estacionamento "numa zona de Reserva Ecológica Nacional", quando chegaram cerca de dez polícias.

"Um graduado da PSP dirigiu-se a mim de uma forma agressiva, instando-me a abandonar o local. Identifiquei-me como vereador, estávamos num protesto pacífico, mas continuou a dizer: 'saia daqui imediatamente' e deu-me um primeiro empurrão. Deu-me um segundo empurrão, caí ao chão e um conjunto de agentes policiais algemou-me e levou-me para a esquadra da PSP do Estoril", relatou Clemente Alves, sublinhando que ele é que foi "agredido" pela polícia.

O vereador da Coligação Democrática Unitária (CDU) na Câmara de Cascais e cabeça de lista por esta coligação nas próximas eleições autárquicas marcadas para 1 de outubro, foi notificado para comparecer às 9h30 de quarta-feira no Tribunal de Cascais, para ser julgado em processo sumário.

Fonte do Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da Polícia de Segurança Pública explicou anteriormente à Lusa que o vereador foi detido por resistência e coação sobre funcionário, por "não obedecer às ordens e resistir" a abandonar o local.

"Os agentes policiais tentaram que o vereador abandonasse o local, mas este tratou mal um polícia, desobedeceu às ordens e resistiu. Foi detido e levado para a esquadra do Estoril", indicou o Cometlis, acrescentando que a detenção ocorreu cerca das 11h00.

"Não entendo como é que a PSP pode sustentar essa acusação. Não resisti a coisa nenhuma. Apenas interpelei o graduado sobre a presença policial no local e acabei agredido. Eu é que fui agredido, lançado ao chão, manietado e levado algemado para a esquadra. Houve manifestamente uso excessivo da força por parte da polícia", defendeu Clemente Alves, criticando a "forma agressiva" como os agentes policiais atuaram e o abordaram diretamente assim que chegaram.

Moradores na Quinta da Carreira, em São João do Estoril, "inconformados com o processo de construção clandestino e ilegal de mais um parque de estacionamento pago, junto à estação ferroviária da CP", marcaram para as 09:00 de hoje uma ação de protesto popular, na qual marcou presença o vereador Clemente Alves.

Segundo um comunicado da organização da manifestação, os populares estão contra a continuação dos trabalhos, "que se encontram repletos de diversas anomalias técnicas, jurídicas e contrárias ao interesse da população, a qual, aliás, nunca foi ouvida".

Numa publicação feita na sua página pessoal da rede social Facebook, na passada quinta-feira, Clemente Alves acusou a Câmara Municipal de Cascais - detida pelo PSD/CDS - de estar a cometer "um atentado ambiental na Quinta da Carreira", contra o qual, "obviamente", votou contra, afirmando que a população reivindicava, há muitos anos, a "implantação de uma zona verde e de lazer".



Nesse mesmo texto, divulgou uma hiperligação para uma petição pública "contra as obras" clandestinas e em defesa dos terrenos em causa. Ao início da tarde de terça-feira, a petição contava com 267 assinaturas.

Alves é o candidato da CDU às próximas eleições autárquicas.

 

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela