Vereador do PCP detido por resistir às autoridades
Clemente Alves estava numa manifestação para impedir a construção de um parque de estacionamento. O vereador desmente as acusações
O vereador da CDU na Câmara de Cascais, Clemente Alves, foi detido esta terça-feira quando participava num protesto contra uma obra em São João do Estoril. O vereador acusou a polícia de o agredir e de fazer uso excessivo da força.
Em declarações à agência Lusa, o vereador explicou que se encontrava numa ação de protesto a convite de alguns moradores que estão contra a construção de um parque de estacionamento "numa zona de Reserva Ecológica Nacional", quando chegaram cerca de dez polícias.
"Um graduado da PSP dirigiu-se a mim de uma forma agressiva, instando-me a abandonar o local. Identifiquei-me como vereador, estávamos num protesto pacífico, mas continuou a dizer: 'saia daqui imediatamente' e deu-me um primeiro empurrão. Deu-me um segundo empurrão, caí ao chão e um conjunto de agentes policiais algemou-me e levou-me para a esquadra da PSP do Estoril", relatou Clemente Alves, sublinhando que ele é que foi "agredido" pela polícia.
O vereador da Coligação Democrática Unitária (CDU) na Câmara de Cascais e cabeça de lista por esta coligação nas próximas eleições autárquicas marcadas para 1 de outubro, foi notificado para comparecer às 9h30 de quarta-feira no Tribunal de Cascais, para ser julgado em processo sumário.
Fonte do Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da Polícia de Segurança Pública explicou anteriormente à Lusa que o vereador foi detido por resistência e coação sobre funcionário, por "não obedecer às ordens e resistir" a abandonar o local.
"Os agentes policiais tentaram que o vereador abandonasse o local, mas este tratou mal um polícia, desobedeceu às ordens e resistiu. Foi detido e levado para a esquadra do Estoril", indicou o Cometlis, acrescentando que a detenção ocorreu cerca das 11h00.
"Não entendo como é que a PSP pode sustentar essa acusação. Não resisti a coisa nenhuma. Apenas interpelei o graduado sobre a presença policial no local e acabei agredido. Eu é que fui agredido, lançado ao chão, manietado e levado algemado para a esquadra. Houve manifestamente uso excessivo da força por parte da polícia", defendeu Clemente Alves, criticando a "forma agressiva" como os agentes policiais atuaram e o abordaram diretamente assim que chegaram.
Moradores na Quinta da Carreira, em São João do Estoril, "inconformados com o processo de construção clandestino e ilegal de mais um parque de estacionamento pago, junto à estação ferroviária da CP", marcaram para as 09:00 de hoje uma ação de protesto popular, na qual marcou presença o vereador Clemente Alves.
Segundo um comunicado da organização da manifestação, os populares estão contra a continuação dos trabalhos, "que se encontram repletos de diversas anomalias técnicas, jurídicas e contrárias ao interesse da população, a qual, aliás, nunca foi ouvida".
Numa publicação feita na sua página pessoal da rede social Facebook, na passada quinta-feira, Clemente Alves acusou a Câmara Municipal de Cascais - detida pelo PSD/CDS - de estar a cometer "um atentado ambiental na Quinta da Carreira", contra o qual, "obviamente", votou contra, afirmando que a população reivindicava, há muitos anos, a "implantação de uma zona verde e de lazer".
Nesse mesmo texto, divulgou uma hiperligação para uma petição pública "contra as obras" clandestinas e em defesa dos terrenos em causa. Ao início da tarde de terça-feira, a petição contava com 267 assinaturas.
Alves é o candidato da CDU às próximas eleições autárquicas.
Edições do Dia
Boas leituras!