Todos ao molho e fé em Deus. Debate com muitas críticas e poucas soluções
Durante cerca de duas horas os líderes partidários discutiram as suas ideias para o País, no entanto foram mais os ataques aos outros partidos do que as trocas de ideias.
Passado pouco mais de um ano osmesmos oito líderes partidários com representação parlamentarreuniram-se num último debate televisivo para tentarem, sobretudo, piscar o olho aqueles que ainda estão indecisos. O debate ficou marcado pelos apartes que correram vindos de todos os líderes partidários e pela falta de consensos que demonstram o ambiente de polarização em que vivemos. Paulo Raimundo chegou a questionar: "Estamos a falar de que país?"
O momento "mais quente" do debate foi antes do intervalo, quando o porta-voz do Livre e o presidente do Chega se envolveram numa discussão depois de Rui Tavares trazer de volta algo que foi debatido no ano passado sobre o combate à corrupção e perguntar a André Ventura de não tem vergonha de ter colocado "no Parlamento e na Assembleia Municipal de Lisboa" os deputados envolvidos em investigações policiais.
Spinumviva
O debate começou por um tema que pouco tem a ver com a forma como o País vai ser governado e muito com o motivo pelo qual somos chamados a votar no dia 18, a empresa familiar do primeiro-ministro. Montenegro garantiu que fez tudo "de boa-fé" tendo em conta aquilo que são os parâmetros da "ética e da lei", no entanto a opinião dos restantes foi diferente.
"Luís Montenegro não tem a credibilidade nem a idoneidade necessária para ser primeiro-ministro", atirou Pedro Nuno Santos antes de defender que "um primeiro-ministro não engana as pessoas". Já André Ventura recordou que "foi o Chega que chamou o primeiro-ministro ao Parlamento quando o primeiro-ministro não quis prestar esclarecimentos" e também referiu que Montenegro "não foi transparente" e "decidiu enviar o País para eleições para evitar o escrutínio do Parlamento".
"O primeiro-ministro arrasta o País para eleições porque não quer dar explicações", atirou Mariana Mortágua e Paulo Raimundo concordou: "Devia ter-se demitido, era um favor que fazia à democracia".
Montenegro respondeu aos adversários referindo que nenhum deles alguma vez estará esclarecido, uma vez que estão apenas a usar este tema para a "luta política".
Imigração
Ainda sobre a atualidade, foi trazido para cima da mesa o tema dos imigrantes que receberam notificações para que abandonem o território nacional. Pedro Nuno Santos começou por falar de "eleitoralismo" ao tornar público algo que faz parte do normal funcionamento das instituições: "Nenhum outro primeiro-ministro fez gáudio ou teve prazer em anunciar que há imigrantes expulsos".
"O partido socialista decidiu escancarar a porta e não regular", defendeu o líder da AD, aproximando o seu discurso daquele que foi o do Chega nos últimos anos e André Ventura concordou que o PS deixou o País numa "bandalheira". Pedro Nuno Santos relembrou, no entanto, que "o PS em 2017 e 2019 notificou mais pessoas".
Mariana Mortágua considerou que a direita utiliza os imigrantes como "bode expiatório": "Há um problema na habitação? Não vamos debater soluções, vamos culpar os imigrantes" para depois reforçar a importância da regularização.
"Quem tem trabalho entra e quem cumpre a lei fica", defendeu Rui Rocha.
Habitação
PS e AD concordam que é preciso construir mais, no entanto parece ser o único ponto de convergência e o secretário-geral socialista referiu que "as políticas que a AD adotou contribuíram para as casas mais caras, a AD falhou totalmente e a maioria dos jovens ficou mais longe de comprar casa". Montenegro defendeu-se das críticas referindo que "não teve sequer tempo para causar um efeito no mercado".
Já Mariana Mortágua voltou a defender o teto às rendas e André Ventura a diminuição do IVA da construção, mas não sem antes criticar as políticas do PS e de Pedro Nuno Santos enquanto ministro das Infraestruturas e da Habitação. Rui Tavares focou a sua interação na necessidade de "arrefecer o mercado de luxo através de uma taxação que agrave esse tipo de compra" e o PCP voltou a reforçar o pedido para que os lucros da banca sejam utilizados na criação de mais habitação pública: "É preciso pôr os 6,3 milhões de euros de lucros da banca a contribuir".
Já Rui Rocha começou por afirmar: "O que precisamos de fazer é construir mais, mais e mais!", antes de defender que é preciso tornar mais atrativo o mercado de arrendamento para que os proprietários coloquem as suas casas a arrendar, referindo ainda que "as rendas devem ser descongeladas".
Inês Sousa Real trouxe as vítimas de violência doméstica para cima da mesa e recordou que "existem cada vez mais crianças sinalizadas nos hospitais por as mães estarem em situação de sem-abrigo".
Saúde
Montenegro reconhece que nem todos os problemas na Saúde foram resolvidos durante o último ano, mas garante que muitas coisas estão melhor e nega que a área seja "um falhanço" da sua governação: "Hoje são mais rápidas as consultas, as cirurgias, há mais portugueses com médicos de família, os serviços de urgência fecham menos do que há um ano". Estas afirmações levaram Pedro Nuno Santos a considerar que o líder da AD "está em negação" e que os recursos públicos estão a ser usados para dar resposta ao privado.
Paulo Raimundo defendeu que "o grande problema do SNS é a falta de profissionais", pelo que considera fundamental "apostar, contratar, fixar e criar condições" e, na mesma linha, Rui Tavares acenou com a proposta "Regressar Saúde", um programa para fazer profissionais da Saúde que emigraram voltar ao País, no entanto admitiu que o mesmo ainda teria de ser "discutido com o os sindicatos".
"O grande falhanço do seu Governo, Luís Montenegro, é a Saúde", acusou André Ventura que defendeu que "este Governo fez o que os do PS fizeram".
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