Secções
Entrar

Psiquiatra afasta simulação de doença mental pelo homicida do Centro Ismaili

Lusa 14 de março de 2025 às 12:46

Na primeira sessão do julgamento, em 5 de dezembro de 2024, Abdul Bashir alegou que agiu em legítima defesa e que existia uma conspiração para o matar, o que não é sustentado por qualquer indício no processo.

O médico psiquiatra que acompanha há quase um ano o homem que confessou ter matado, em 2023, duas mulheres no Centro Ismaili, em Lisboa, afastou esta sexta-feira no julgamento que o arguido tenha simulado sintomas para aparentar ser inimputável.

"Se é um ator, tem de ser um dos melhores atores do mundo", resumiu Tiago Vinhas de Sousa, sustentando que o comportamento de Abdul Bashir no hospital-prisão da Grande Lisboa em que está internado preventivamente e a resposta deste ao tratamento indicam ausência de manipulação.

Questionado pelo tribunal se o homem, de 30 anos, não pode ter antes atuado num quadro de raiva, o clínico insistiu que "não há nada que abale para esse lado, mas sim para o lado da doença mental".

Tiago Vinhas de Sousa acrescentou que, embora atualmente o cidadão afegão já não tenha "sentimentos de paranoia", não tem consciência de que necessita de tratamento nem critica o ataque no Centro Ismaili.

"Voltava a fazer o mesmo", concluiu o psiquiatra.

Na primeira sessão do julgamento, em 5 de dezembro de 2024, Abdul Bashiralegou que agiu em legítima defesae que existia uma conspiração para o matar, o que não é sustentado por qualquer indício no processo.

Na acusação datada de março de 2024, o Ministério Público requereu que o arguido seja declarado inimputável, por, aquando dos atos, padecer de "anomalia psíquica", mas, na sessão anterior do julgamento, dois peritos do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses divergiram quanto ao diagnóstico.

O cidadão afegão está acusado de dois crimes de homicídio agravado, seis de homicídio agravado na forma tentada, dois de resistência e coação sobre funcionário e um de posse de arma proibida.

As vítimas mortais no ataque de 28 de março de 2023 foram duas mulheres portuguesas, de 24 e 49 anos, que trabalhavam no serviço de apoio aos refugiados do Centro Ismaili.

O julgamento prossegue às 14h no Tribunal Central Criminal de Lisboa, com as alegações finais do Ministério Público, dos mandatários das famílias das vítimas e da defesa do arguido.

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela