PSD quer reforçar combate à corrupção nos fundos europeus com delação premiada
Partido apresentou documento do Conselho Estratégico Nacional (CEN) sobre "Recursos da União Europeia e fundos estruturais: Que caminho para o Futuro?"
OPSDpropôs hoje o reforço dos mecanismos de combate àcorrupçãonos fundos estruturais, introduzindo a figura dadelação premiada, que não existe no sistema jurídico português, e quer uma "medição rigorosa do impacto" do dinheiro europeu.
Estas foram duas das propostas que constam do documento do Conselho Estratégico Nacional (CEN) do PSD sobre "Recursos da União Europeia e fundos estruturais: Que caminho para o Futuro?" hoje apresentado pelo professor universitário Rui Vinhas da Silva, coordenador do CEN para as áreas da Economia, Trabalho e Inovação.
O juiz de instrução criminal Carlos Alexandre vai defender a criação de um mecanismo eficaz de colaboração premiada na investigação do crime económico e, em particular, da corrupção, inspirado num livro de António Almeida Santos, ex-ministro e presidente do PS que morreu em 18 de Janeiro do ano passado.
O objectivo principal da estratégia social-democrata, explicou Rui Vinhas da Silva, é colocar os fundos estruturais a suportar uma Estratégia Nacional de Competitividade, tutelada preferencialmente pelo primeiro-ministro, e que possa aumentar o nível das exportações de bens transaccionáveis para 60% do PIB (até agora pouco acima dos 40%I.
Em concreto na área da corrupção, o PSD propõe a criação de mecanismos de prevenção e detecção de fraude, a figura da delação premiada e de um sistema anti-fraude europeu assente no desenvolvimento, em cada Estado-membro, de mecanismos electrónicos de submissão de queixas pelos cidadãos.
Questionado se a introdução da delação premiada é uma proposta que o PSD fará, de forma global, na área da Justiça, Rui Vinhas da Silva disse que, neste caso, se limitou ao âmbito do trabalho dos fundos estruturais.
O desenvolvimento de um núcleo de análise estatística, que possa apoiar o processo decisório da aplicação dos fundos através da medição rigorosa do seu impacto, é outra das propostas do PSD na vertente microeconómica, a par do financiamento de projectos nos territórios de baixa densidade "só nos casos" em que as unidades produtivas (e não sedes fictícias) aí se situem.
A ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, tem uma posição sóbria sobre a questão da justiça negociada e, mais importante, não só não foge ao debate como reconhece que, nos casos de criminalidade complexa, é preciso debater a sua necessidade - Opinião , Sábado.
O vice-presidente do PSD David Justino, também presente na conferência de imprensa, fez questão de distinguir o acordo celebrado em Abril com o Governo sobre fundos comunitários -- que visa uma defesa comum de que o país não pode perder financiamento - do documento hoje apresentado, que define as prioridades que os sociais-democratas defendem para a aplicação do futuro quadro.
"Damos especial atenção à qualidade da aplicação dos fundos e não só do nível da execução física: saber quais são os impactos que esses fundos vão ter na economia (...) Não é o problema de saber gastar, é de saber onde se gasta e qual o impacto que tem onde se gasta", defendeu.
Questionado se será possível um novo acordo com entre PSD e PS sobre as prioridades do próximo quadro comunitário, David Justino preferiu alargar o âmbito a todas as forças políticas.
"Não falamos de nenhum acordo, se quiséssemos fazer acordo não fazíamos as propostas em termos públicos. Se por acaso no futuro houver entendimento, não só com o PS, com as várias forças políticas, quanto às prioridades melhor", defendeu.
O também presidente do CEN salientou que este documento, tal como os outros produzidos por este organismo, "é aberto", sujeito a discussão pública, e por isso não se traduzirá em propostas legislativas imediatas, destinando-se a integrar o programa de Governo que o PSD contra apresentar em junho.
David Justino assegurou que, em janeiro, haverá novos documentos do CEN em áreas como assuntos europeus e economia.
Também a vice-presidente do PSD Isabel Meireles e coordenadora do CEN para os assuntos europeus alertou que Portugal pode estar excessivamente dependente dos fundos europeus para os seus projectos de investimento público.
"Os fundos europeus devem servir para adicionar e não substituir o Orçamento do Estado, que muitas vezes é o que acontece", criticou.
Questionado quando é que o PSD apresentará o seu candidato às eleições europeias de 26 de Maio de 2019, David Justino não apontou qualquer calendário, dizendo que "é uma matéria que ainda não foi debatida na comissão política".
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