Programa de Estabilidade ameaça "geringonça"
"O PCP não apoia esse Programa de Estabilidade", garantiu Jerónimo de Sousa aos jornalistas após a reunião com o Presidente da República
Foi de maneira contundente que o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, afirmou que o partido não "apoia o Programa de Estabilidade, por considerar que o documento contém constrangimentos europeus que impedem o crescimento.
Esta postura do partido comunista pode significar uma brecha na coligação de Esquerda que sustenta o Governo de António Costa – foi publicamente assumida uma postura oposta ao que defendem os socialistas.
No final da primeira audiência com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, em Lisboa, Jerónimo de Sousa disse aos jornalistas que nos programas Nacional de Reformas e de Estabilidade, "filhos" do semestre europeu, "há uma contradição" entre aquilo que é necessário realizar numa perspectiva de crescimento e desenvolvimento económico e "constrangimentos que amarram de pés e mãos" o País.
"O PCP não apoia esse Programa de Estabilidade", respondeu aos jornalistas, avisando que "esses constrangimentos têm que ser resolvidos" porque se sabe qual vai ser o resultado se isso não acontecer e acrescentando que "infelizmente a vida dará razão ao PCP".
Ainda assim voltou a criticar o projecto de resolução apresentado pelo CDS-PP que recomenda ao Governo que submeta a votação os Programas de Estabilidade e Nacional de Reformas e que proceda à revisão dos dois documentos, o secretário-geral comunista condenou "uma visão instrumental, a roçar a chicana política que não tem do PCP qualquer apoio".
Sobre o sentido de voto que o PCP teria se estes documentos fossem a votos, o secretário-geral comunista foi peremptório: "a questão não está posta porque não vai haver votação, creio eu".
Os Verdes garantem "lealdade" a PS
Já o Partido Ecologista Os Verdes apresentou uma postura diferente: Heloísa Apolónia defendeu que a posição conjunta assinada com o PS está a ser cumprida e não haverá cortes de salários, pensões e aumentos de impostos directos, assegurando lealdade com o Governo socialista. "Questões que não estariam de acordo com a posição conjunta que assinamos", sublinhou.
"Somos leais, somos sérios. O PS também sabe que é assim. As nossas posições, não as deixaremos de afirmar. Sabemos que há coisas com que concordamos com o PS, há outras em que não. A lealdade funciona assim mesmo", prometeu, considerando que "PSD e CDS não estão satisfeitos porque passaram a vida a falar de inevitabilidades" e de repente descobriu-se que "pode haver políticas alternativas" e que Portugal não é trucidado por causa disso.
"O Tratado Orçamental é um obstáculo ao desenvolvimento dos países. Os Verdes acham que, na Europa, como na natureza, a riqueza está na diversidade", defendeu, considerando que a renegociação da dívida é uma questão fundamental.
O PAN considerou, por seu turno, que "deve caber ao Governo querer ou não levar" os Programas de Estabilidade e Nacional de Reformas a votação, não tendo ainda analisado o projecto de resolução do CDS-PP a este propósito.
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