Secções
Entrar

Professores dizem que alunos lidam melhor com a diferença do que muitos adultos

23 de agosto de 2019 às 13:11

Os professores lembram ainda que não basta publicar legislação e atribuir às escolas a responsabilidade de a fazer cumprir.

AFederação Nacional dos Professores (Fenprof)defendeu hoje o despacho sobre identidade de género nas escolas, lembrando que os jovens estão "muito mais habilitados a lidar com a diferença" do que muitos adultos.

A Fenprof reagiu hoje à polémica lançada peloPSDe CDS sobre o despacho que define a aplicação nas escolas do diploma sobre identidade de género, que prevê medidas como a mudança de nome em todos os documentos, detetar e intervir sobre situações de risco, dar formação e sensibilizar todos os que frequentam a escola ou a possibilidade de os jovens transexuais ou em processo de mudança de sexo jovens poderem escolher que casa de banho ou vestiário usar.

A Leonor é transexual. Ela existe. É a minha filha: a carta de uma mãe

"Chamo-me Rita e sou mãe da Leonor. A Leonor é transexual. Ela existe. É a minha filha", começa por escrever Rita Alves, mãe de uma menina transsexual, em resposta a um artigo de opinião publicado pela professora universitária Laurinda Alves no jornal Observador sobre a lei que regulamenta a identidade de género.



"Ao contrário de um, infelizmente, grande número de adultos, as crianças e jovens estão muito mais habilitados a lidar com a diferença, sabendo, não apenas, integrar, mas incluir", sublinha a estrutura sindical de professores.

Entre as críticas ao diploma, o PSD considerou que o despacho revelava "pouco respeito" pelas crianças e poderia potenciar fenómenos de "bullying" e o CDS-PP classificou-o de desrespeitador e irresponsável.

"Não é verdade que a aplicação deste despacho potencie fenómenos de bullying, eles são potenciados, isso sim, quando a sociedade ou a escola ignoram a realidade, deixando mais expostas, logo, mais fragilizadas, as minorias, sejam elas quais forem", reagiu a Fenprof.

De acordo com o secretário de estado da Educação, João Costa, o diploma pretende proteger um reduzido grupo de cerca de duas centenas de alunos em todo o país.

A Fenprof considera que o diploma "só pecou por tardio", uma vez que foi publicado um ano desde a publicação da lei, em pleno período de férias e a pouco mais de duas semanas do reinício da atividade das escolas.

Os professores lembram ainda que não basta publicar legislação e atribuir às escolas a responsabilidade de a fazer cumprir: "É necessário criar condições para que o mesmo se cumpra", que passam por dar tempo aos docentes para ter formação e aumentar o número de assistentes operacionais nas escolas.

O despacho pretende dar resposta a uma realidade que a Fenprof considera que "não pode ser ignorada", lembrando que em algumas escolas os seus professores e órgãos de gestão têm procurado dar a devida atenção, "apesar, até agora, de não terem tido o necessário apoio".

A Fenprof sublinha que apesar do esforço das escolas, ainda existe "um grande caminho a percorrer" em relação aos alunos, mas também ao pessoal docente e não docente.

Na quinta-feira, o secretário de Estado da Educação considerou que estava a ser feita uma leitura incorreta do despacho que estava a provocar "um clima de alarmismo social" desnecessário.

O despacho protege e salvaguarda os direitos dos jovens transexuais ou que estejam em processo de mudança de sexo, e não é um despacho "das casas de banho" nem de que "qualquer criança pode ir a qualquer casa de banho", alertou o secretário de estado.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela