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Pedro Nuno Santos: "É a nossa vez de iniciar uma nova etapa"

Andreia Antunes com Ana Bela Ferreira 07 de janeiro de 2024 às 13:39

O secretário-geral dos socialistas, discursa este domingo no encerramento do 24.º Congresso do PS, que começou na sexta-feira, na Feira Internacional de Lisboa (FIL).

Pedro Nuno Santos começou por elogiar os oito anos de governo de António Costa, no seu primeiro discurso de encerramento de um congresso como secretario-geral.

Bruno Colaço/CM

No entanto, sublinou de imediato que vem aí "um novo capítulo" do partido. "É a nossa vez de iniciar uma nova etapa, e é sobre nós que recai a enorme responsabilidade de escrever um novo capítulo no livro da governação do PS e do desenvolvimento do nosso país", disse.

O secretário-geral lembrou este ano como "especial", com a celebração dos 50 anos do 25 de Abril, descrevendo-o como a "âncora moral do PS." Referiu que é o partido que tem as "melhores condições para traduzir os valores de Abril."

Como defendeu ontem, enumerou os problemas do país, como a os baixos salários e precariedade, as pensões baixas, rendas altas para os rendimentos das famílias, abandono escolar e as alterações climáticas, defendendo que "por serem problemas da comunidade, cooperamos para os resolver, e quando os resolvemos, a vida de todos e de cada um melhora".

Defendeu a importância da saúde, da escola pública, da habitação e dos transportes públicos como uma ambição o país. "Não queremos um país na média europeia, ambicionamos um país no topo, no topo da qualidade de vida, da segurança e da inovação" disse.

Acrescentou que para o país não ser visto como "periferia do continente europeu", precisamos do "contributo de todos os que aqui vivem, dos que foram viver para outros países e dos que aqui querem voltar a viver".

Em termos económicos, Pedro Nuno Santos começou por referir que a missão do partido é "alterar o perfil de especialização da nossa economia", para que esta seja mais "sofisticada, diversificada e complexa" para produzir um "maior valor acrescentado" de forma a "pagar melhores salários e gerar as receitas para financiar um Estado Social avançado."

Em Portugal a "incapacidade de se dizer não" que "levou o Estado a apoiar, de forma indiscriminada, empresas, setores e tecnologias, independentemente do seu potencial de arrastamento da economia". Defendeu que "é tempo de ser claro e de fazer escolhas, porque governar é escolher, só conseguiremos transformar a economia com mais dinheiro para menos sectores", disse.

Como proposta defendeu um "sistema de incentivos" que reforce "o grau de seletividade" de modo a apoiar "aqueles sectores ou tecnologias capazes de promover a transformação da economia."

Definiu assim um "desígnio nacional para a próxima década", com várias estratégias de onde concentrar os apoios. "Concentrar a maior parte dos apoios nestas áreas, na investigação nestas áreas, nos centros de transferência de conhecimento destas áreas, no desenvolvimento de produtos e tecnologias destas áreas e nas empresas com projetos que se insiram nestas áreas estratégicas."

Ainda na economia admitiu que "uma das preocupações da grande maioria dos portugueses está no baixo nível dos seus salários." Garantiu que o "país avançou muito nos últimos 8 anos", mas têm "consciência de que há muito para fazer." Dito isto, avançou com a promessa de que, caso se torne Primeiro-Ministro, "no final da próxima legislatura, em 2028, o salário mínimo atinja, pelo menos, os mil euros."

Assegurou também "uma subida mínima para as pensões mais baixas" , aproveitando para atacar o PSD. "Ao contrário do PSD, nós confiamos no sistema público de pensões. Não o queremos desmantelar, privatizar ou plafonar." Sobre a Segurança Social, Pedro Nuno Santos pretende "colocar à discussão e concretizar uma reforma das fontes de financiamento do sistema de segurança social, para que a sustentabilidade futura deste não dependa apenas das contribuições pagas sobre o trabalho".

Sobre a crise de habitação, o antigo ministro das infraestruturas e da habitação referiu que está em curso "a maior reforma da habitação", e que é o objetivo de PNS "definir, com o INE, um novo indexante de atualização das rendas que tenha em consideração a evolução dos salários."

Afirmou ainda "quando a inflação é igual ou inferior a 2%, a atualização das rendas continua a ser como ocorre hoje, quando a inflação é superior a 2% a atualização das rendas terá de ter em linha de conta a capacidade das pessoas as pagarem, capacidade essa que é medida pela evolução dos salários", o que significa que, em anos de inflação elevada, a evolução das rendas não pode estar desligada da evolução dos salários."   

Com a reforma do Serviço Nacional de Saúde, Pedro Nuno Santos prometeu "investir na valorização da carreira médica para que haja profissionais de saúde motivados para trabalhar no SNS". Prometeu também "um programa de saúde oral que, de forma gradual e progressiva, garanta cuidados de saúde oral aos portugueses no SNS."

Quanto aos professores garantiu "aumentar os salários de entrada na carreira docente", para  tornar a "profissão de professor mais atrativa" e para reduzir as diferenças entre os primeiros e os últimos escalões.

Sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa, Pedro Nuno Santos aproveitou para atacar a direita. "Decidir, curiosamente, a direita transformou a principal função de um político, tomar decisões, numa coisa negativa, errada, indesejada, mas, é compreensível, para a direita, decidir representa um pesadelo". "É por isso que, depois de oito anos na oposição, terão de estudar a solução para a alta velocidade; depois de mais de 50 anos e 19 localizações, terão de criar um novo grupo de trabalho para estudar a localização de um aeroporto essencial".

O secretário-geral foi criticado pela sua impulsividade na escolha da localização do novo aeroporto, apesar dos aplausos no congresso.

Pedro Nuno Santos terminou o seu discurso decretando a sua vontade de avançar. "Portugal não pode esperar, queremos decidir, queremos avançar." Continua dizendo que "dia 10 de março, vamos continuar a avançar, juntos porque sabemos que isolados e sozinhos não vamos a lado nenhum".

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