Secções
Entrar

Parlamento condena recusa de Itália e Malta do desembarque do navio Aquarius

15 de junho de 2018 às 14:47

O navio partiu na terça-feira para Espanha, escoltado por duas embarcações da Marinha italiana, com as quais repartiu os migrantes que se encontravam a bordo.


1 de 4

O parlamento condenou sexta-feira a conduta dos governos italiano e maltês pela recusa do desembarque dos 629 migrantes a bordo do navio Aquarius, manifestando igualmente o seu pesar pela morte de 650 pessoas no Mediterrâneo apenas este ano.

Estas posições constam de três votos, dois de condenação apresentados pelo PSD e pelo BE, e um de pesar do PS, que foram aprovados esta sexta-feira pela Assembleia da República.

Um outro voto do PCP, que pedia a condenação das políticas que desrespeitam os direitos dos imigrantes e dos refugiados, foi rejeitado, com votos contra de PSD e CDS-PP e abstenção do PS.

O texto rejeitado dos comunistas desafiava a Assembleia da República a condenar "as políticas da União Europeia que desrespeitam os direitos dos migrantes e refugiados", considerando que a situação agora ocorrida em Itália é disso expressão, e apelava "ao fim da ingerência e agressão nas relações internacionais, ao respeito da soberania e independência dos Estados e dos direitos dos povos, incluindo ao desenvolvimento económico e social".

O navio Aquarius, da organização não-governamental SOS Mediterranée, foi proibido de atracar no domingo passado em Itália e, depois, em Malta, situação que só foi desbloqueada na segunda-feira com a oferta do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, de acolher o navio em Valência.

No seu voto de condenação, o Bloco refere-se apenas ao Governo italiano, o primeiro a recusar o desembarque, e considera que a decisão se baseou em razões "xenófobas inaceitáveis".

Com a abstenção do PSD, CDS-PP e do deputado socialista Vitalino Canas, a Assembleia da República aprovou o voto do BE, que "condena e repudia a decisão do Governo italiano (...) e apela a que situações como esta não se repitam no futuro".

O PSD inclui no seu voto de condenação - aprovado com abstenção de PCP e PEV - além do Governo de Itália, o de Malta, e saúda o executivo espanhol por ter aceitado acolher estes 629 migrantes.

Os sociais-democratas propuseram, assim, a condenação da conduta dos governos italianos e de Malta e "instam os Estados-membros e as instituições comunitárias a reformar os mecanismos europeus em matéria de política migratória e a aprofundar o seu compromisso de solidariedade".

Já o PS optou por apresentar um voto de pesar - que mereceu a abstenção do PCP - pela perda de vidas humanas no Mediterrâneo, cerca de 650 este ano e mais de 3000 em 2017.

No texto do seu voto, os socialistas saúdam igualmente a atitude do Governo espanhol, de acolher os migrantes do Aquarius, e "repudiam o desrespeito pelos tratados e pelas premissas de solidariedade da UE" por parte de Itália e de Malta.

No entanto, na parte resolutiva - a que vai a votos - o PS não expressa condenação em relação a qualquer Governo, optando por manifestar o pesar pelas mortes registadas no Mediterrâneo e apelar "a um reforço da solidariedade e da primazia da defesa dos Direitos Humanos por todos os Estados europeus".

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela