Secções
Entrar

NATO: Portugal deverá apresentar plano "credível e exequível" para aumentar gastos em defesa

Lusa 08 de julho de 2024 às 08:15

Portugal vai estar representado na cimeira da NATO pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, e pelo ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo.

Portugal deverá apresentar na cimeira da NATO um plano "credível e exequível" para atingir em 2029 um investimento na defesa de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com um compromisso assumido no final de junho pelo primeiro-ministro.

REUTERS/Yves Herman/File Photo

A cimeira, que se realiza entre terça e quinta-feira em Washington, assinalará os 75 anos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, sigla em inglês), na mesma cidade onde, em 1949, doze países - incluindo Portugal - assinaram este tratado para assegurar a sua defesa coletiva, número que foi subindo até aos atuais 32 Estados-membros.

Portugal vai estar representado na cimeira da NATO pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, e pelo ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo.

No final de junho, no debate na Assembleia da República que antecedeu o último Conselho Europeu, Luís Montenegro deixou o compromisso de reforçar os gastos do país em defesa, que se seguiu a uma intenção já expressa antes pelo ministro Paulo Rangel, e que foi reiterado no domingo por Nuno Melo.

"Nós temos necessidade e vamos apresentar na próxima cimeira da NATO um programa credível para atingir em 2029 um investimento de 2% do nosso produto na área da segurança e defesa, que aliás se coaduna com a nossa estratégia na Aliança Atlântica e também com o reforço no âmbito da União Europeia do investimento em segurança e defesa", referiu.

Depois de, na última cimeira da NATO, no ano passado em Vílnius, se ter reafirmado o objetivo de atingir 2% de investimento em defesa, 23 dos 32 países que integram a Aliança Atlântica já atingiram esta meta (eram menos de dez antes do início da invasão russa), mas um terço ainda está aquém, incluindo Portugal, com 1,55% do PIB.

De acordo com um relatório da NATO sobre a despesa de cada Estado-membro entre 2014 e 2024, Portugal foi o sétimo aliado que menos gastou em defesa, numa altura em que vários já ultrapassam os 3%.

De acordo com o documento, desde 2014 que Portugal tem investido mais em defesa e nos últimos dez anos atingiu a despesa mais elevada em 2021 (1,52%), mas houve um decréscimo em 2022 (1,40%) e 2023 (1,48%).

No mesmo debate parlamentar, o chefe de Governo juntou este tópico à ajuda que Portugal dará à Ucrânia nos próximos anos, já que nesta cimeira da NATO estará também em cima da mesa uma proposta do secretário-geral, o norueguês Jens Stoltenberg, de criar um fundo de longo prazo para a Ucrânia de 40 mil milhões de euros anuais.

"Não é expectável que quando se anuncia um pacote de ajuda de 40 mil milhões de euros, algum dos Estados-membros da Aliança Atlântica fique de fora no esforço que teremos de fazer", referiu Luís Montenegro.

O primeiro-ministro disse já ter uma estimativa do esforço que poderá caber a Portugal, sem o anunciar, prometendo informar o parlamento quando existir um valor solidificado.

Ainda no capítulo do apoio à Ucrânia, Montenegro já reconheceu que Portugal não está entre os países que podem disponibilizar sistemas de defesa antiaérea a este país, enquanto o ministro da Defesa Nacional anunciou, em junho, que Portugal vai instruir militares ucranianos na utilização de carros de combate, à semelhança do que está a ser feito para os caças F-16.

Em audição parlamentar, Nuno Melo revelou ainda que o Governo está a estudar a construção de uma fábrica de munições em Portugal.

"É uma das áreas em que sabemos que a União Europeia toda, eu diria o mundo ocidental, é deficitária. A necessidade de se produzirem munições está identificada ao nível do Governo", disse.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já anunciou que reunirá o Conselho de Estado a 15 de julho para analisar a situação da Ucrânia, dias depois da Cimeira da NATO em Washington e algumas semanas depois da Cimeira para a Paz, que decorreu na Suíça e em que representou Portugal.

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela