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Leis laborais, carga fiscal, SNS e negociações para geringonça marcaram debate a seis

24 de setembro de 2019 às 07:11

Assunção Cristas, líder do CDS, considerou que ficou "clarinho como a água" que PS, BE e PCP "vão entender-se todos ou não" mediante os resultados das eleições.

As leis laborais, à esquerda, e o estado do SNS e aumento de impostos, à direita, marcaram hoje o debate televisivo entre os seis líderes partidários, com Catarina Martins e António Costa a recuarem à formação da 'geringonça'.

Num debate, transmitido em simultâneo na RTP 1 e RTP 3, e que começou quase um quarto de hora mais tarde face ao previsto, a coordenadora do BE, Catarina Martins, aproveitou para responder às declarações do secretário-geral do PS e primeiro-ministro, António Costa, no debate radiofónico desta manhã com o líder do PSD.

No frente a frente, organizado em simultâneo por Antena 1, Rádio Renascença e TSF, o secretário-geral do PS afirmou que o Bloco fez do PS o seu adversário em 2015 e disse esperar que depois das eleições de 06 de outubro, o Bloco "reveja a sua posição mais cedo" e não após "a reunião do PS com o PCP", como afirmou que aconteceu há quatro anos.

Esta noite, no debate entre os líderes das seis forças com assento parlamentar -- PSD, PS, BE, CDS-PP, PCP (lidera a CDU, que integra o PEV) e PAN -- a coordenadora nacional bloquista referiu-se a "uma espécie de reescrita da história" dos últimos quatro anos e disse querer deixar "as coisas claras".

Catarina Martins dirigiu-se a António Costa, sublinhando que na manhã das eleições em 2015, PS e Bloco reuniram "de forma informal".

Na réplica, António Costa afirmou: "Eu tenho por princípio de boa educação, nunca falo em público das reuniões que tenho em privado".

"Não disse nada que não esteja escrito em livros e confirmado por dirigentes do PS", referiu mais à frente Catarina Martins.

O secretário-geral do PS contrapôs que "quem quer reescrever a história é a Catarina Martins", por descrever os últimos quatro anos como "a história do confronto entre o PS e os partidos à esquerda".

"Só na sua cabeça e do Bloco de Esquerda pode haver esta descrição desta legislatura", defendeu Costa, recusando depois que o BE o PCP sejam empecilhos.

No entanto, António Costa criticou que, ao contrário de PCP e BE criticam o PS e "estão no seu direito", os socialistas não podem falar sobre aqueles partidos, porque "então, aí, cai o Carmo e a Trindade".

Já o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, sublinhou que a solução que marcou a legislatura foi fruto da "arrumação de forças" no parlamento, mas avisou que a "conjuntura não é repetível", porque este é "outro tempo" e as circunstâncias são outras.

O líder social-democrata, Rui Rio, considerou que se estava perante "um arrufo que normalmente é tratado dentro de casa" ou nos "julgados de paz", não acreditando por isso numa dissolução definitiva da solução governativa dos últimos quatro anos.

"Se o PS precisar do apoio do PCP e do Bloco de Esquerda para governar, lá teremos, naturalmente, e também outra vez a 'geringonça' de certeza", considerou.

Para a presidente centrista, Assunção Cristas, ficou "clarinho como a água" que PS, BE e PCP "vão entender-se todos ou não" mediante os resultados das eleições.

A carga fiscal foi um dos assuntos em cima da mesa do debate, com a direita a acusar o PS de impor a maior carga fiscal de sempre aos portugueses, motivando conversas bilaterais e a subida de tom entre Costa e Cristas e Costa e Rio.

Esta conversa paralela terminou com Costa a dizer "só há duas pessoas no mundo que pedem redução do imposto dos combustíveis: Assunção Cristas e Donald Trump".

A saúde foi outro dos temas que levantou os ânimos entre a líder dos centristas e António Costa.

Cristas referiu que é visível o "caos que está na saúde pelas mãos de um governo da esquerda, apoiada pelas esquerdas mais radicas que tinham uma grande paixão pelo SNS, mas condenaram o SNS".

Em resposta, Costa disse que "há um número que é irrefutável", mais "700 mil consultas por ano em cuidados de saúde primários".

Quando o assunto passou para as alterações à legislação laboral, aprovadas recentemente, a esquerda manteve as críticas ao diploma, argumentando um aumento da precariedade, enquanto a direita justificou a viabilização com o parecer favorável da concertação social.

Por seu turno, o porta-voz do PAN, André Silva, apelou a uma valorização do trabalho por turnos e noturno, quer "do ponto de vista salarial" e do descanso, esperando uma abertura nesse sentido na próxima legislatura.

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