Apenas 47% afirmam saber exatamente onde se dirigir em caso de necessidade médica.
A maioria dos portugueses admite não saber exatamente onde se dirigir em caso de necessidade médica, segundo um inquérito esta quarta-feira divulgado, que revela ainda que metade dos inquiridos tem dificuldades em obter respostas quando contacta o SNS.
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O inquérito nacional, integrado no Relatório de Avaliação de Desempenho e Impacto do Sistema de Saúde (RADIS) da Convenção Nacional da Saúde, foi realizado pela primeira vez, para medir "a sua evolução nos próximos anos para compreender múltiplos fatores e dimensões não presentes nas estatísticas atuais".
Segundo o relatório, "apenas 47% dos portugueses afirmam saber exatamente onde se dirigir em caso de necessidade médica", o que "evidencia que mais de metade da população ainda enfrenta incertezas quanto aos percursos a adotar dentro do Serviço Nacional de Saúde".
Metade dos inquiridos (50%) refere ter dificuldades em obter resposta ao contactar o SNS, sublinhando as barreiras existentes no acesso à informação e ao apoio imediato.
No que diz respeito à marcação de consultas, exames ou tratamentos, apenas 39% dos utentes consideram este processo fácil, "o que revela entraves administrativos e operacionais significativos".
Outra conclusão do estudo aponta que 50% dos participantes admite sentir-se perdido no sistema de saúde, refletindo "uma falta de clareza e orientação nos mecanismos de navegação do SNS".
Ao analisar o impacto da doença crónica na experiência de navegação, o estudo observou que 30% dos doentes crónicos se sentem perdidos ao tentar aceder aos serviços de saúde, considerando este "valor preocupante", uma vez que estes utentes, por definição, mantêm contacto regular com o sistema devido ao acompanhamento contínuo da sua condição.
Adicionalmente, 51% das pessoas com doença crónica relataram dificuldades em obter resposta ao ligar para os serviços do SNS, valor superior ao reportado por participantes sem doença crónica (43%), refere o RADIS, que pretendeu com este inquérito incluir "a voz do doente, em particular a do doente crónico".
O relatório sublinha que os dados sobre a navegação no SNS revelam "desafios substanciais no acesso e orientação dos utentes, especialmente entre doentes crónicos".
"O facto de metade dos inquiridos admitir sentir-se perdido, aliado às dificuldades relatadas na obtenção de respostas e na marcação de consultas, evidencia barreiras administrativas e uma comunicação pouco eficaz", alerta o relatório.
"Assim, torna-se evidente a necessidade de investir em estratégias que promovam maior clareza, apoio personalizado e simplificação dos processos no SNS, de modo a melhorar a experiência dos utentes e garantir uma navegação mais eficiente e inclusiva", defende a CNS.
Para a Convenção Nacional da Saúde, deve ser reforçada a literacia em saúde e na informação sobre navegabilidade, salientando que as associações de doentes podem ter também um papel fundamental nesta área.
Os dados foram obtidos de forma virtual, entre junho e outubro de 2024, e foram recolhidas 457 respostas, sendo a maioria dos participantes mulheres (67%), com mais de 40 anos (83%) e com, pelo menos, uma doença crónica (82%).
A maioria tem médico de família (86%), 47% têm seguro de saúde, e 35% beneficiam de subsistemas de saúde como ADSE ou SAMS, refere o inquérito promovido pela Convenção Nacional de Saúde, que reúne mais de 150 instituições.
Segundo o RADIS, que é apresentado hoje na 8.ª edição da Convenção Nacional da Saúde, o número total de utentes inscritos no SNS aumentou mais de 522 mil entre setembro de 2016 e setembro de 2025, um acréscimo de 5,1%, totalizando 10.681.987.
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