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Hugo Soares deve falar com Rui Rio nas próximas duas semanas

14 de janeiro de 2018 às 14:39

Líder parlamentar social-democrata foi um apoiante de Pedro Santana Lopes, mas sempre disse que falaria com o novo líder do partido.

O líder parlamentar do PSD deverá falar nas próximas duas semanas com o presidente eleito do partido, Rui Rio, tal como disse que faria, mas dois "vices" da bancada já colocaram o seu lugar à disposição de Hugo Soares.

Fontes da direcção da bancada salientaram que Hugo Soares, que apoiou Pedro Santana Lopes nas eleições directas, sempre afirmou que conversaria com o novo presidente, independentemente de quem fosse, o que deverá acontecer nas próximas duas semanas.

Em entrevista àAntena 1no início de Dezembro, questionado se as eleições internas poderiam ter implicações na direcção da bancada, Hugo Soares sublinhou que o seu mandato é de dois anos e que "quem elege a liderança do grupo parlamentar são os deputados".

No entanto, na mesma entrevista, acrescentou que não há lideranças parlamentares contra "a vontade determinada do presidente do partido", sobretudo se as linhas de orientação da futura comissão política forem "completamente antagónicas" com as da direcção da bancada.

No sábado à noite, em declarações àTSF, o antigo secretário de Estado José Eduardo Martins lançou o nome de António Leitão Amaro como uma hipótese para vir a liderar o grupo parlamentar do PSD.

Contactado pela Lusa, Leitão Amaro - um dos dois 'vices' da bancada que apoiou Rui Rio, a par de Adão Silva - escusou-se a fazer qualquer comentário, uma vez que se encontra desde sábado na zona de Tondela afectada pelo incêndio que causou oito mortos e apontou como prioridade neste momento o "apoio à população".

Do lado dos vice-presidentes da bancada que apoiaram Santana Lopes (sete em 12), dois deles, Sérgio Azevedo e Amadeu Albergaria, colocaram, através da rede social Facebook, o seu lugar à disposição do presidente do grupo parlamentar.

"Como é evidente, saber perder é saber tirar consequências", justificou Sérgio Azevedo.

Em defesa da continuidade de Hugo Soares, saíram os deputados e antigos ministros Paula Teixeira da Cruz e Carlos Costa Neves.

"A bancada parlamentar tem legitimidade própria, o líder parlamentar é eleito entre os seus pares e o actual líder parlamentar acabou de ser eleito com uma percentagem expressiva e por isso tem toda a legitimidade para continuar", defendeu Teixeira da Cruz, em declarações àLusa.

Para a ex-ministra da Justiça, que não apoiou qualquer dos candidatos à presidência do partido, seria até "muito estranha" a substituição de Hugo Soares, defendendo que o seu desempenho à frente da bancada lhe confere legitimidade política para continuar.

Carlos Costa Neves, ex-secretário de Estado dos Assuntos Europeus e antigo líder do PSD-Açores, aconselhou o presidente eleito a tratar a questão da direção da bancada com "algum cuidado" e "muita serenidade".

"O grande desígnio de quem ganha é reunir, no sentido de tornar a unir, e um dos elementos centrais é o grupo parlamentar, que está na frente do combate político", afirmou Costa Neves, que apoiou Santana Lopes na disputa interna.

O deputado sublinhou que, além da direcção da bancada, o grupo parlamentar já tem uma estrutura montada de coordenadores em todas as comissões, e que "seria bom não pôr em causa" uma direcção eleita há cerca de seis meses.

"Mas, seja qual for a solução, deve-se considerar a vontade do grupo parlamentar, a quem não se dá simplesmente ordens que em vez deste [líder parlamentar] será aquele", alertou.

Hugo Soares foi eleito em 19 de Julho do ano passado, para um mandato de dois anos, com 85,4% de votos, correspondentes a 76 votos favoráveis, 12 votos brancos e um nulo, sucedendo no cargo a Luís Montenegro, que atingiu o limite de três mandatos consecutivos.

Depois do anúncio de Passos Coelho de não se recandidatar à presidência do partido, em Outubro passado, Hugo Soares tem assumido o protagonismo pelo PSD nos debates quinzenais com o primeiro-ministro, António Costa.

Rui Rio venceu no sábado as eleições directas e será o 18.º presidente do partido: segundo os resultados provisórios, Rio, com 22.611 votos e 54,37%, ganhou com uma vantagem de 3.617 votos sobre Santana, que recolheu 18.974 (45,63%).

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