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Greve dos motoristas: onde está a faltar o combustível?

13 de agosto de 2019 às 15:33

Rede de abastecimento de emergência já está abaixo dos 50%. ANTRAM diz que abastecimento a hospitais ficará "seriamente comprometido" nas próximas 24 horas.

Ao segundo dia de greve de motoristas perigosas surgem os primeiros constrangimentos, mesmo com a requisição civil de trabalhadores, decretada pelo Governo esta segunda-feira.

Nos dados mais recentes da Entidade Nacional para o Setor Energético (ENSE), os volumes de combustível em postos da Rede de Emergência de Postos de Abastecimento (REPA) estavam abaixo dos 50% pelas 8h da manhã, com o nível de gasóleo disponível a 44,95% e gasolina nos 35,65% - níveis em tudo semelhantes aos 44,75% e 35,75% verificados no dia anterior, pelas 20 horas.

Esta terça-feira, o distrito com a percentagem mais elevada de gasóleo disponível era Bragança, com 59,85%, embora o stock de gasolina se ficasse pelos 29,72%. No que toca a este último combustível, o distrito da Guarda é o que tem a maior percentagem de reservas, na ordem dos 54%.

Os distritos que se destacam pela maior escassez em proporção são Faro e Beja. No distrito alentejano os níveis de gasóleo ficam-se pelos 21,21% e a gasolina pelos 27,93%, enquanto Faro mostra volumes de 21,60% e 20,61% para os mesmos combustíveis, respetivamente.

Rede de abastecimento de emergência já está abaixo dos 50%

Os volumes de combustível disponível nos postos da Rede de Emergência de Postos de Abastecimento (REPA) estavam abaixo dos 50% esta terça-feira, pelas 8 horas da manhã, de acordo com os dados divulgados pela Entidade Nacional para o Setor Energético (ENSE).

Os volumes de combustível disponível nos postos da Rede de Emergência de Postos de Abastecimento (REPA) estavam abaixo dos 50% esta terça-feira, pelas 8 horas da manhã, de acordo com os dados divulgados pela Entidade Nacional para o Setor Energético (ENSE).

A próxima atualização da ENSE, que faz o ponto de situação dos postos de combustível pertencentes à REPA duas vezes por dia, acontece às 19h00.

Fora da rede prioritária, a página Já Não Dá Para Abastecer diz-nos que, por volta das 15h, 449 postos (15,2% do total) estavam sem qualquer tipo de combustível e 486 (16,4%) sem algum tipo de combustível – entre gasolina, gasóleo e GPL.

O combustível em maior falta é o gasóleo, com 825 postos sem combustível. A gasolina faltava em 575 postos de combustível e o GPL em 61 postos de combustível.

ENSE | Greve dos motoristas de matérias perigosas - reporte de stocks | Atualização

No âmbito da monitorização da situação de stocks de combustível nos postos de abastecimento, e no decurso da paralisação dos motoristas de matérias perigosas, iniciada a dia 12 de agosto, pela presente, todos os responsáveis dos postos REPA - Rede de Emergência de Postos de Abastecimentos ficam obrigados a fornecer a seguinte informação: 1.

No âmbito da monitorização da situação de stocks de combustível nos postos de abastecimento, e no decurso da paralisação dos motoristas de matérias perigosas, iniciada a dia 12 de agosto, pela presente, todos os responsáveis dos postos REPA - Rede de Emergência de Postos de Abastecimentos ficam obrigados a fornecer a seguinte informação: 1.

Hospitais em risco: Antram diz que sim, ministério desmente

O representante da associação patronal afirmou que hospitais das zonas de Lisboa, Leiria e Coimbra "ficam, nas próximas 24 horas, seriamente comprometidos".

Segundo um comunicado enviado pelo advogado da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram), André Matias de Almeida, os serviços mínimos foram "novamente incumpridos esta manhã na região centro" e só está garantido o abastecimento a hospitais de Lisboa, Leiria e Coimbra para cerca de mais 24 horas.

Questionado pela Lusa sobre qual o tipo de abastecimento concreto que poderá faltar, o advogado da Antram esclareceu que se trata de gás criogénico, utilizado em equipamentos médicos. "É urgente que o Governo decrete a requisição civil total para quem, insensível sequer ao abastecimento a hospitais, insiste em incumprir os serviços mínimos", refere a nota.

Em reação, o Ministério da Saúde garantiu que a "situação está controlada" e que o abastecimento está garantido pela rede REPA. 

Quanto aos serviços mínimos que estão a ser cumpridos, a Antram diz que "as médias dos cálculos feitos nas empresas de matérias perigosas resultam numa velocidade de circulação dos camiões conduzidos por grevistas de 40km/hora", que considera "muito abaixo de qualquer média". Para a associação patronal, isto "destina-se a fazer com que seja ultrapassado o limite horário diário de trabalho".

A Antram lembrou ainda que, caso os motoristas cumpram apenas as oito horas de trabalho e se recusem a completar o serviço ao qual estão adstritos, "estão a incumprir a convenção coletiva" de trabalho, que estabelece "para estes motoristas a obrigação de uma isenção de horário de trabalho e naturalmente um pagamento de um complemento salarial".

De recordar que, ao fim do primeiro dia de greve de motoristas, o Governo decretou a requisição civil parcial, alegando o incumprimento dos serviços mínimos.

ANA revela restrições no abastecimento de aviões no Aeroporto de Lisboa

O abastecimento ao Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, está a acontecer esta terça-feira com "maior regularidade", mas ainda não permite levantar as medidas de restrição, revelou a ANA – Aeroportos de Portugal.

Em resposta escrita à Lusa, fonte oficial da gestora indicou que "o abastecimento ao Aeroporto Humberto Delgado decorre, hoje, com maior regularidade do que ontem [segunda-feira]. No entanto, o fluxo de combustível ainda não é suficiente para retirar as medidas de restrição ao abastecimento das aeronaves".

A ANA adiantou também que está "em conjunto com o Governo, empresas petrolíferas, companhias aéreas e ‘handlers’ [empresas de assistência aos passageiros e aos aviões], a acompanhar e a avaliar a situação, com vista à minimização do impacte na operação".

Durante o primeiro dia da greve, que ocorreu esta segunda-feira, dia 12, a ANA deu conta de que o ritmo de abastecimento no Aeroporto Humberto Delgado era "insuficiente, em níveis bastante abaixo do estipulado para serviços mínimos", provocando "restrições à operação".

Numa resposta escrita enviada à Lusa na segunda-feira, a gestora aeroportuária informou que estava a avaliar continuamente o impacto da greve dos motoristas no abastecimento de combustível nos aeroportos da sua rede.

O ritmo de abastecimento "insuficiente" verificado nessa altura levou à implementação de restrições à operação, "nomeadamente na redução de abastecimento de aeronaves", segundo a mesma fonte.

Esta é uma medida preventiva para dosear o combustível, tendo em conta a dificuldades de abastecimento.

Com estas iniciativas, as companhias aéreas poderão abastecer noutros aeroportos ou antes de voar para Lisboa.

 

Motoristas só vão fazer oito horas de trabalho

No segundo dia de greve de motoristas de matérias perigosas e depois de uma requisição civil decretada pelo Governo, "100%" dos camionistas estão a trabalhar. Esta é a garantia do representante do Sindicato Nacional de Matérias Perigosas (SNMMP), Pedro Pardal Henriques, em declarações aos jornalistas em Aveiras de Cima, à porta da sede da Companhia Logística de Combustíveis (CLC).

No segundo dia de greve de motoristas de matérias perigosas e depois de uma requisição civil decretada pelo Governo, "100%" dos camionistas estão a trabalhar. Esta é a garantia do representante do Sindicato Nacional de Matérias Perigosas (SNMMP), Pedro Pardal Henriques, em declarações aos jornalistas em Aveiras de Cima, à porta da sede da Companhia Logística de Combustíveis (CLC).

Marina de Vilamoura pode ficar sem combustível ainda esta terça-feira

No concelho de Loulé, a marina de Vilamoura pode ficar esta terça-feira sem combustível para fornecer às embarcações que acolhe, revelou a diretora da infraestrutura náutica algarvia à Agência Lusa.

A diretora da marina de Vilamoura, Isolete Correia, lamentou que a greve dos motoristas de transporte de matérias perigosas, que se iniciou às 00h00 de segunda-feira por tempo indeterminado, esteja a deixar a região do Algarve em dificuldades no mês mais forte do turismo e a obrigar a limitar a 200 litros o combustível que as embarcações podem abastecer.

"Estamos à espera que nos venham abastecer. Ainda não esgotou, mas já estamos a racionar e está próximo de acabar", afirmou Isolete Correia, frisando que o "limite de 200 litros por embarcação" está em vigor "desde segunda-feira", quando se iniciou a greve.

A mesma fonte sublinhou que 200 litros de gasóleo para uma embarcação é uma quantidade que "não dá para nada" e advertiu que não se sabe ainda quando vai poder ser feito o reabastecimento dos tanques de armazenamento de combustível da marina.

"Não tenho indicação quando vai chegar. Hoje liguei e não me sabem dizer quando vai chegar", disse Isolete Correia, estimando que "no final do dia de hoje possa deixar de haver combustível" para vender às embarcações.

A diretora da marina de Vilamoura disse ainda esperar que esta situação de greve e de dificuldade no abastecimento "passe depressa", porque a região está "em época alta" de turismo e o prolongar da greve, "para o país, é de facto lamentável, nesta altura do ano".

Fonte da marina de Portimão também reconheceu à Lusa a existência de dificuldades no abastecimento e adiantou que já "só há gasóleo" nos tanques desta infraestrutura marítima.

À semelhança do que acontece com a marina de Vilamoura, também em Portimão "ainda não se sabe quando poderá vir a ser feito o abastecimento de combustíveis".

Questionada sobre a existência ou não de limitações na quantidade de combustível que está a ser fornecido às embarcações, a mesma fonte respondeu que "há um limite de 500 litros" para cada uma.

Na zona da marina de Portimão operam também embarcações marítimo-turísticas que fazem passeios pela costa algarvia, algumas das quais utilizam gasolina.

Essas "já foram afetadas", afirmou a mesma fonte.

A marina de Vilamoura tem 850 postos de amarração, enquanto a de Portimão conta com 620 lugares, e são as duas principais infraestruturas de acolhimento a embarcações marítimo-turísticas no Algarve, região que tem sido das mais afetadas pelo desabastecimento de combustíveis devido à greve dos motoristas de transporte de matérias perigosas.

Aeroporto de Faro já dentro da normalidade

Ao contrário de outros casos, o abastecimento de combustível ao Aeroporto de Faro a partir da estação ferroviária de Loulé estava esta terça-feira de manhã a ser garantido pelos serviços mínimos, com o transporte das cisternas por seis camiões.

Não fosse a escolta por veículos da GNR, até poderia ser encarado como um dia normal na estação ferroviária de Loulé, que serve de base logística para o abastecimento de combustível para os aviões estacionados no Aeroporto de Faro, como constatou a Lusa no local.

O piquete de grave mantêm-se no local desde o início da paralisação e garante que tudo está a funcionar normalmente e a "serem garantidos os serviços mínimos", afirmou à Lusa o coordenador do piquete.

No primeiro dia de greve, na segunda-feira, os motoristas garantiram o primeiro turno da manhã, não tendo havido transporte de contentores para o Aeroporto durante o resto do dia, pelo que se aguarda o que poderá acontecer na tarde de hoje, já que foi decretada a requisição civil por parte do Governo.

Diariamente chega a Loulé um comboio com 28 tanques cisterna, normalmente de madrugada, mas hoje passava pouco depois das 10:00 -- com mais de oito horas de atraso -- quando 15 carruagens transportavam um reforço de 30 tanques, prontos a serem colocados nos atrelados para transporte, garantindo a reposição do "stock" de combustível.

A saída dos camiões é feita em dupla, sempre com a escolta de um carro da GNR, e muitas vezes assinalada com algumas buzinadelas, a saudar o piquete.

Nas conversas nos dois cafés junto à estação, que habitualmente servem viajantes e residentes, as conversas passam também pela paralisação dos motoristas de transporte de matérias perigosas e mercadorias, onde se ouve: "já não deve durar muito tempo".

Na estrada, a circulação é feita, em marcha lenta -- pouco mais de 60 km/h -- pela Estrada Nacional 125, com alguns automobilistas a buzinarem aos camiões, num ato assumido como um cumprimento e prontamente devolvido.

Uma vez mais cumprem o mais que repetido trajeto de 18 quilómetros, entre a estação de Loulé e o Aeroporto de Faro. Tudo aparentemente normal, não fosse a escolta da GNR e o papel no vidro da frente onde se lê: "serviços mínimos".

Ao fim do primeiro dia de greve de motoristas, o Governo decretou a requisição civil, alegando o incumprimento dos serviços mínimos, particularmente no turno da tarde.

A portaria que efetiva "de forma gradual e faseada" a requisição civil dos motoristas em greve visa assegurar o abastecimento da Rede de Emergência, aeroportos, postos servidos pela refinaria de Sines e unidades autónomas de gás natural.

Outra portaria estabelece que os militares das Forças Armadas podem substituir "parcial ou totalmente" os motoristas em greve e a sua intervenção abrange operações de carga e descarga de veículos-cisterna de combustíveis líquidos, GPL e gás natural.

A greve que começou na segunda-feira, por tempo indeterminado, foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), com o objetivo de reivindicar junto da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) o cumprimento do acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.

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