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Medina na comissão da TAP: "Não lhe posso responder a essa questão", "não lhe consigo precisar"

Bruno Faria Lopes 16 de junho de 2023 às 11:36

O ministro das Finanças evitou responder sobre quando soube realmente que o Governo autorizara o pagamento da indemnização a Alexandra Reis. Fernando Medina está a ser ouvido na comissão de inquérito da TAP.

"Não lhe posso responder com rigor a essa questão", "não lhe consigo precisar", "não consigo dizer se falei". No início da comissão de inquérito à TAP, o ministro das Finanças fugiu assim às perguntas do Bloco de Esquerda, que procurava saber se Fernando Medina não soube por via informal da autorização do Ministério das Infraestruturas à saída de Alexandra Reis, antes de pedir publicamente explicações à TAP através de um despacho.

MIGUEL A. LOPES/LUSA

Fernando Medina, o último a ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito (CPI), emitiu no dia 26 de dezembro um despacho conjunto com o então ministro Pedro Nuno Santos, no qual pedia explicações à administração da TAP sobre o valor de 500 mil euros pago a Alexandra Reis. Este pedido surgiu dias depois da notícia doCorreio da Manhãsobre a indemnização. Hoje sabemos que o ministro das Infraestruturas, e o seu secretário de Estado, tinham acompanhado todo o processo de saída de Alexandra Reis e dado autorização para o pagamento da indemnização. E Medina, sabia?

O deputado do BE, Pedro Filipe Soares, repetiu as perguntas para perceber se Medina não falou com Pedro Nuno Santos e com a CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, para perceber o que tinha acontecido – o próprio ministro já saberia através da secretária de Estado Alexandra Reis, que entretanto o pusera a par.

"A informação de que tinha havido autorização do Ministério das Infraestruturas para o pagamento dos 500 mil euros, teve essa informação quando foi tornada pública ou antes?", perguntou o deputado. "Não lhe consigo precisar", respondeu o ministro. Da mesma forma, Medina não soube responder se falou à então CEO da TAP antes de emitir o despacho. "Não lhe posso responder com rigor a essa questão", afirmou mais do que uma vez.

Fernando Medina afirmou que só soube da saída com indemnização de Alexandra Reis quando oCorreio da Manhãlhe enviou as perguntas sobre a verba paga, não tendo falado sobre o percurso da pessoa que convidou para secretária de Estado do Tesouro no momento em que a convidou. Questionado sobre que reação teve, Medina remete para o despacho conjunto enviado a 26 de dezembro, que pedia explicações à TAP numa altura em que o caso já ardia nos media.

A resposta da TAP a esse despacho contou com a ajuda do próprio secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes – o ministro Fernando Medina diz que "não sabia" que o governante do ministério que, com ele, emitira o despacho, estava do outro lado a ajudar a dar as explicações pedidas.

Fernando Medina elogiou a postura colaborativa de Alexandra Reis, que apesar de lhe dizer que não fizera nada de ilegal, pôs o seu lugar à disposição – o ministro diz que aceitou essa demissão no dia seguinte. Fê-lo, explicou, por razões de "dimensão política" numa altura em que o escândalo era evidente – para proteger a "capacidade política" do Ministério das Finanças perante a "incompreensão do País no pagamento de uma indemnização daquele montante numa empresa que estava como estava".

O ministro está a ser ouvido na CPI desde as 11h30.

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