"Exigimos o pagamento dos salários em atraso em Portugal"
Os funcionários da Soares da Costa concentraram-se esta manhã junto à sede da empresa e apelaram ao apoio político de Rui Moreira
Várias dezenas de trabalhadores da empresa Soares da Costa concentraram-se esta segunda-feira, no Porto, em protesto contra os salários em atraso e entregaram uma resolução ao presidente da Câmara para que mova a sua "intervenção política" em defesa dos operários.
"Exigimos o pagamento dos salários em atraso em Portugal, Angola e Moçambique. Despedimento colectivo: Não!" lia-se esta manhã numa faixa que encabeçava o protesto dos trabalhadores que se concentraram à frente da sede da Soares da Costa, no Porto, antes de se deslocarem para a Câmara Municipal do Porto.
Os trabalhadores decidiram apelar ao presidente Rui Moreira para que junte a sua voz, às vozes das centenas de trabalhadores "neste terrível sofrimento" e pedem para que o autarca, "com urgência tangível", "mova a sua intervenção política em defesa dos trabalhadores e na responsabilidade social que impende sobre a empresa", lê-se na resolução entregue hoje ao autarca portuense.
"A ver se conseguimos uma resolução para esta situação, porque tem de se encontrar. Esta é uma empresa muito importante nesta cidade: edificou o Metro, o aeroporto, hospitais, escolas que hoje a população deste distrito usufrui e vamos pedir ao senhor presidente que, também junto do Governo central, apele a uma política diferente, uma política de investimento público, que é aquilo que não tem acontecido neste últimos anos".
Antes de pedirem ao presidente da Câmara do Porto para que a sua voz se junte à dos trabalhadores, os funcionários em protesto da construtora civil Soares da Costa -- sediada no Porto há quase um século -- concentraram-se hoje às 08h00 na Rua Santos Pousada, junto à sede da empresa, com música da intervenção com o Grândola Vila Morena, e ameaçaram regressar amanhã aos protestos.
Os trabalhadores que dizem já não ter "dinheiro para se alimentarem a eles, nem às suas famílias", vão ocupar os escritórios da Soares da Costa, na terça-feira, dia 21, pelas 07h30, "se durante o dia de hoje [dia 20], não forem pagos os salários dos trabalhadores, confirmou à Lusa Luís Pinto, do Sindicato dos Trabalhadores do Norte.
Em declarações aos jornalistas, Luís Pinto explicou que nesta altura, em Portugal, está o salário de Junho por pagar e que há trabalhadores que já gozaram férias e até à data ainda não receberam o seu subsídio e que em Angola, os trabalhadores estão deslocados e ainda não receberam o salário de maio.
"A situação é muito dramática. Os trabalhadores estão no limite. Há pessoas em situação muito dramática, a "viver com muitas, dificuldades e as suas famílias", alertou o sindicalista, explicando que os bens necessários para ter uma vida digna estão ser postos em causa, designadamente o direito à habitação, a própria alimentação e a saúde estão a ser postos em causa, porque não recebem o salário.
Segundo o Sindicato, a empresa Soares da Costa tem vindo a fazer promessas de pagamento sucessivas, mas não cumpre.
"Houve uma promessa de pagamento até sexta-feira da semana que passou e não foi cumprida, aliás isto tem sido uma prática da empresa nestes últimos meses: promete e depois não cumpre", observa Luís Pinto.
A empresa até à data não deu mais nenhuma informação sobre se ia proceder ao pagamento de salários.
"A empresa não diz nada, não diz quais são os objectivos. Fala-se em despedimento, mas isso significa o quê, em que sectores", questiona Joaquim Gomes, 47 anos, que trabalha há 25 anos na Soares da costa no gabinete de projecto.
Em declarações à Lusa, o trabalhador diz que espera ver este problema do atraso dos salários resolvido, "porque as pessoas têm compromissos".
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