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Ex-diretor da PJ: Investiguei "crimes um bocadinho mais bem planeados"

21 de março de 2019 às 20:58

"Só faltaram os terroristas, o material militar havia...", afirmou Almeida Rodrigues. Foi um roubo "extraordinariamente grave".

O ex-diretor daPolícia Judiciária (PJ)José Almeida Rodrigues alinhou hoje na tese do amadorismo de quem roubou o material militar dos paióis deTancos, em 2017, e afirmou que lhes faltou planeamento.

"Alguém que deixa transparecer que vai praticar um furto ao ponto de chegar ao conhecimento das autoridades e, depois, a forma como o furto terá sido praticado, o local escolhido para a guarda das armas, tudo isso, faz crer que não terá havido um planeamento muito eficaz", afirmou Almeida Rodrigues, na comissão parlamentar de inquérito ao furto de Tancos.

Almeida Rodrigues até fez uma ironia ao dizer que, ao longo da sua carreira, investigou "crimes de roubo ou furto um bocadinho mais bem planeados".

Na audição de hoje, o ex-diretor nacional da PJ (2008-2018) relativizou a tese de o furto poder estar ligado ao terrorismo internacional e admitiu que "o tempo veio dar razão ao SIS [Serviço de Informações de Segurança]" quando, em junho de 2017, decidiu manter como moderado o nível de ameaça no país.

Foi também nesta parte da reunião, em que sempre esteve de semblante carregado, que fez mais uma ironia, em resposta ao deputado bloquista João Vasconcelos: "Só faltaram os terroristas, o material militar havia... Desculpem..."

Questionado sobre a importância do roubo, Almeida Rodrigues qualificou-o de "extraordinariamente grave" e acrescentou que causou danos à entidade que foi alvo do furto, neste caso ao Exército.

O furto do material militar, entre granadas, explosivos e munições, dos paióis de Tancos, foi noticiado em 29 de junho de 2017 e parte do equipamento foi recuperado quatro meses depois.

O caso ganhou importantes desenvolvimentos em 2018, tendo sido detidos, numa operação do Ministério Público e da Polícia Judiciária, sete militares da Polícia Judiciária Militar e da GNR, suspeitos de terem forjado a recuperação do material em conivência com o presumível autor do crime.

Este processo levou à demissão, ainda em 2018, do ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes, e do chefe do Estado-Maior do Exército, general Rovisco Duarte.

A comissão de inquérito para apurar as responsabilidades políticas no furto de material militar em Tancos, pedida pelo CDS-PP, vai decorrer até junho de 2019, depois de o parlamento prolongar os trabalhos por mais 90 dias.

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