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Cristas diz que democracia cristã é incompatível com racismo

20 de julho de 2017 às 14:42

A presidente do CDS justificou assim o abandono da coligação com o PSD em Loures, considerando que jamais deixará o partido ser associado a racismo e xenofobia

A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, justificou hoje com os princípios da democracia cristã o abandono da coligação com o PSD em Loures, considerando que jamais deixará o partido ser associado ao racismo e xenofobia.

"O CDS tem um património longo, ainda ontem [quarta-feira] fizemos 43 anos. Basta olhar para a nossa carta fundadora e de princípios para perceber que tudo o que lá está continua a ser actual: princípios fundados na democracia cristã, no respeito absoluto por todo e qualquer ser humano", defendeu Assunção Cristas aos jornalistas, durante uma visita ao bairro do Loureiro, em Lisboa, enquanto candidata autárquica à capital.

A líder centrista argumentou que também faz parte do património do CDS "defender uma justa atribuição dos subsídios sociais e uma eficaz fiscalização de eventuais abusos nesses mesmos subsídios sociais", mas advertiu que "coisa diversa é querer associar práticas de abuso a conjuntos específicos de pessoas".

"Isso é racismo, isso é xenofobia, e nós não vamos por essa linha e eu jamais deixaria que o CDS pudesse ser associado a essa linha", declarou.

Questionada sobre o futuro cabeça-de-lista do CDS-PP a Loures, Assunção Cristas disse que os centristas terão "um bom candidato" e estão "a trabalhar nisso".

A número três da lista liderada pelo PSD em Loures, a centrista Isaura Mariño Lourenço, revelou na quarta-feira à Rádio Renascença ter recusado encabeçar uma lista própria do CDS-PP, após o abandono da coligação com os sociais-democratas e PPM, sublinhando concordar com as posições assumidas por André Ventura sobre a comunidade cigana.

A distrital de Lisboa do CDS-PP anunciou na terça-feira que vai seguir "um caminho próprio" nas eleições autárquicas em Loures e expressou um "profundo incómodo" pela forma como o candidato se referiu à comunidade cigana.

O presidente social-democrata, Passos Coelho, defendeu na terça-feira à noite que o candidato do partido à Câmara Municipal de Loures "clarificou a sua posição", sublinhando que o PSD não tem, nem terá posições racistas ou xenófobas.

"A clarificação que o doutor André Ventura fez de uma entrevista que deu clarifica muito bem a posição, quer dele quer do PSD, quanto à matéria. Eu estou tranquilo quanto àquilo que é a nossa posição, uma posição não racista, não xenófoba: nunca foi, não é e, atrevo-me a dizer, nunca será", afirmou o líder social-democrata.

O secretário-geral do PS e primeiro-ministro, António Costa, considerou, por seu turno, que tal posição de Passos Coelho desonra o PSD.

Entre outras referências, André Ventura afirmou numa entrevista publicada na segunda-feira pelo jornal i que há pessoas que "vivem quase exclusivamente de subsídios do Estado" e que acham "que estão acima das regras do Estado de direito", considerando que tal acontece particularmente com a comunidade cigana.

Ainda na segunda-feira, a candidatura do Bloco de Esquerda à Câmara Municipal de Loures apresentou uma queixa-crime ao Ministério Público e à Ordem dos Advogados contra André Ventura, pelas "novas declarações racistas e xenófobas para com a comunidade cigana".

Na quinta-feira, o candidato já tinha falado sobre uma alegada "excessiva tolerância com alguns grupos e minorias étnicas", numa entrevista ao portal Notícias ao Minuto, o que motivou uma queixa à Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial contra o candidato do PSD/CDS-PP/PPM, por parte do candidato do BE em Loures, Fabian Figueiredo, por "declarações contra as minorias étnicas".

Em comunicado na segunda-feira, André Ventura afirmou ter criticado situações de incumprimento da lei, independentemente de questões étnicas.

"O que preocupa a candidatura são questões de segurança e cumprimento da lei, na defesa do património público e das pessoas de bem, independentemente da raça ou etnia. [...] Boa parte das pessoas que fica muito incomodada quando são denunciadas estas situações nunca se deslocou a algumas dessas zonas e não tem ideia do 'barril de pólvora' que lá se vive diariamente", defendeu.

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