Covid-19: Moradas falsas e alteradas dificultam rastreio de contactos
Secretária de Estado Adjunta e da Saúde declarou solidariedade com as autoridades de saúde da região de Lisboa
A secretária de Estado Adjunta e da Saúde declarou hoje solidariedade com as autoridades de saúde da região de Lisboa, atribuindo as dificuldades na contenção da pandemia a fatores como moradas falsas que impedem o rastreio de contactos.
Jamila Madeira assumiu que "há dificuldades" no contacto entre as autoridades de saúde e casos ativos de covid-19 por causa de "moradas falsas e alterações de morada", que "não se circunscreve a um problema de Lisboa e Vale do Tejo" mas que se agrava numa área metropolitana em que o preço das casas motiva alterações de residência e os documentos pessoais nem sempre são atualizados logo que se muda de casa.
"Não é algo que a Saúde consiga resolver. Tem a ver com os registos", indicou, assinalando que, mesmo assim, se têm tentado "outros caminhos para identificar e localizar as pessoas, mas não com a celeridade desejada".
A secretária de Estado destacou a colaboração entre profissionais de saúde e de outros setores nos esforços de saúde pública em torno de Lisboa e Vale do Tejo, indicando que houve reforços e rotação das equipas, "que começam a ficar com sinais de cansaço acumulado evidente e inevitável".
Confrontada com críticas do presidente da Câmara de Lisboa, o socialista Fernando Medina, que defendeu a substituição de chefias nas autoridades de saúde de Lisboa face à falta de resultados na contenção da pandemia, Jamila Madeira afirmou que "por muito bons que sejam os profissionais ou as chefias, deparar-se-ão sempre com esses problemas técnicos que se vão refletir na evolução dos contactos e na evolução da pandemia".
"As chefias são sempre aqueles que assumem a responsabilidade como um todo. Os problemas que surgem na operação são os que são. Temo-los sinalizados. E estamos todos, enquanto parte desta operação, solidários com as soluções que vão sendo encontradas, afirmou Jamila Madeira, em conferência de imprensa no Ministério da Saúde.
"As críticas são sempre bem-vindas e fazem parte da vida democrática. Vemo-las sempre como construtivas, numa lógica de procurar melhorar. Procuramos antecipar os problemas, às vezes com mais, outras vezes com menos sucesso", declarou, salientando que "a realidade é dinâmica".
Hoje, Fernando Medina afirmou que as suas críticas à atuação das autoridades de saúde no combate à covid-19 visaram "específica e circunscritamente" as chefias regionais e a equipa que está no terreno na Grande Lisboa.
"Eu fui muito claro nas declarações que fiz. Referi-me específica e circunscritamente às chefias de âmbito regional e à equipa que está hoje no terreno, de âmbito regional", ilustrou Fernando Medina numa entrevista ao podcast do PS "Política com Palavra", que será divulgada na quinta-feira.
O autarca de Lisboa concretizou, deste modo, os alvos diretos das acusações que fez às autoridades de saúde, no seu habitual espaço de comentário político na TVI24, no âmbito do combate à pandemia na região de Lisboa e Vale do Tejo, em que declarou que "com maus chefes e pouco exército não é possível ganhar esta guerra".
Portugal contabiliza pelo menos 1.579 mortos associados à covid-19 em 42.454 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).
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