Secções
Entrar

Covid-19: Ministra da Saúde partilha reservas quanto a vacina russa

12 de agosto de 2020 às 16:19

"É muito importante acelerar o processo de investigação em relação à descoberta de uma vacina eficaz, mas não podemos sacrificar nem a segurança nem a eficácia terapêutica", declarou Marta Temido.

A ministra da Saúde partilhou hoje as reservas da Organização Mundial de Saúde (OMS) quanto à vacina para a covid-19 anunciada pela Rússia, afirmando que não se pode sacrificar "segurança e eficácia" em nome da rapidez.

"É muito importante acelerar o processo de investigação em relação à descoberta de uma vacina eficaz, mas não podemos, nesse processo, sacrificar nem a segurança nem a eficácia terapêutica", declarou Marta Temido na conferência de imprensa de acompanhamento da pandemia.

A ministra indicou que relativamente à vacina Sputnik V, a primeira para a covid-19 a ser anunciada, "há factos que têm sido referidos, que a fase 3 [de testagem na comunidade] não terá sido, eventualmente, totalmente realizada".

Por outro lado, "ninguém está disponível para desperdiçar a oportunidade de ter um instrumento que ajude a responder a esta doença", admitiu.

Marta Temido afirmou que a autoridade portuguesa de regulação dos medicamentos (Infarmed) está "a trabalhar com a Agência Europeia do Medicamento, integrado numa rede competente, capacitada e com todos os meios ao seu dispor para garantir que Portugal está entre os países que terão acesso ao que venha a ser uma vacina eficaz para a covid-19".

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recebeu na terça-feira com cautela a notícia de que a Rússia registou a primeira vacina do mundo contra a covid-19, sublinhando que deverá seguir os trâmites de pré-qualificação e revisão definidos.

"Acelerar o progresso não deve significar comprometer a segurança", disse o porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic, numa conferência de imprensa, acrescentando que a organização está em contacto com as autoridades russas e de outros países para analisar o progresso das diferentes investigações em curso relativamente de vacinas.

A vacina russa, cujo registo foi anunciado terça-feira pelo Presidente russo, Vladimir Putin, em reunião com o gabinete de ministros, não estava entre as seis que a OMS disse na semana passada estarem mais avançadas.

A organização com sede em Genebra citou, entre as seis, três candidatas a vacinas desenvolvidas por laboratórios chineses, duas dos Estados Unidos (das empresas farmacêuticas Pfizer e Moderna) e a britânica desenvolvida pela AstraZeneca em colaboração com a Universidade de Oxford.

Segundo Putin, a vacina russa é "eficaz", passou em todos os testes necessários e permite atingir uma "imunidade estável" contra a covid-19, devendo entrar em circulação a partir de 01 de janeiro de 2021.

Contudo, muitos cientistas, no país e no estrangeiro, questionaram a decisão de registar a vacina antes de os cientistas completarem a chamada Fase 3 do estudo.

Essa fase por norma demora vários meses e envolve milhares de pessoas e é a única forma de se provar que a vacina experimental é segura e funciona.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 743 mil mortos e infetou mais de 20,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.764 pessoas das 53.223 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela