Associação convoca manifestação pela sobrevivência das salas de programação musical
Circuito pede "a criação de um programa imediato de investimento nas salas do Circuito, válido até ser autorizada a retoma sustentável da atividade".
Arecém criada associação Circuito, que representa 27 salas de programação de música de todo o país, promove no dia 17 uma manifestação em Lisboa, Porto, Viseu e Évora, pela sobrevivência destes espaços, foi hoje anunciado.
"No dia 17 de outubro, pelas 15:00, em Lisboa, Porto, Viseu e Évora, artistas e audiência esperam na fila para entrar nas salas fechadas, chamando a atenção para a importância destes espaços no tecido cultural e pedindo medidas de apoio para garantir a sua sobrevivência", refere a associação Circuito num comunicado hoje divulgado.
Sob o lema "ao vivo ou morto", a Circuito "chama a comunidade artística e o público a juntar-se numa fila/manifestação que pretende sensibilizar para a importância destes locais para a cena musical nacional".
A manifestação de dia 17 será o culminar de uma campanha, iniciada hoje, criada "em resposta à cada vez maior ameaça à sobrevivência de 27 salas de programação de música em todo o país", e "protagonizada por nomes de vários quadrantes da música nacional como Gisela João, Tomás Wallenstein, Marfox, Yen Sung e Hélio Morais".
Em Lisboa, a "fila" irá formar-se à porta do Lux-Frágil, no Porto do Maus Hábitos, em Viseu do Carmo 81 e em Évora da Sociedade Harmonia Eborense.
A associação Circuito é constituída por 27 salas, entre as quais, além daquelas onde vai decorrer a manifestação, o Hot Clube de Portugal, a Casa Independente, o Musicbox, o RCA Club (em Lisboa), o Salão Brazil (Coimbra), o Hard Club, o Barracuda, o Passos Manuel (Porto), o Bang Venue (Torres Vedras), a Casa -- Oficina os Infantes (Beja) e o Alma Danada (Almada).
Estas 27 salas, segundo a Circuito, promoveram no ano passado "7.537 atuações musicais, envolvendo milhares de autores, intérpretes e outros profissionais do espetáculo, para uma audiência de 1.178.847 pessoas".
"A sobrevivência destas salas está em risco iminente", alerta, apelando "à implementação urgente de medidas de apoio e estratégias públicas de proteção e valorização deste setor".
A associação defende "a criação de um programa imediato de investimento nas salas do Circuito, válido até ser autorizada a retoma sustentável da atividade e que garanta a compensação do prejuízo mensal provocado pelos custos fixos de exploração das salas, os quais não foram suspensos ou comparticipados por outros programas".
Além disso, pretende que sejam também criados "programas de apoio à criação, programação e circulação artística, envolvendo a rede do Circuito com o objetivo de reativar a atividade do ecossistema da música ao vivo nacional, impulsionando a recuperação do Circuito".
Salvaguardando que não defende a reabertura destes espaços, "até se decidir que estão reunidas as condições necessárias para retomar a atividade", a Circuito defende "a abertura urgente do discurso político à valorização e reconhecimento formal e definitivo de todas as práticas artísticas, culturais e de socialização, como forma de combate à secundarização e estigmatização das práticas e dos agentes culturais enquanto atores sociais".
A associação salienta que "as salas e clubes de programação de música distinguem-se por serem espaços de música e cultura com uma programação própria", reforçando que "atividade cultural é a razão de ser destes espaços e a programação de música está no centro da sua linha de atuação", sendo a "venda de álcool, alimentação ou outros subsidiária e dependente da atividade cultural".
Edições do Dia
Boas leituras!