Secções
Entrar

António Costa demite-se se esquerda não aprovar Orçamento

12 de maio de 2018 às 09:23

O primeiro-ministro admitiu que sem Orçamento para 2019 a queda do Governo "é inevitável".

O líder do PS admitiu que sem Orçamento para 2019 a queda do Governo "é inevitável", um cenário que recusa, e afirmou, numa entrevista hoje ao DN, que não tem vontade de pedir maioria absoluta nas legislativas.

1 de 3
Foto: Manuel de Almeida/Lusa
Foto: António Cotrim/Lusa

À frente de um Governo do PS desde 2015, com o apoio parlamentar da esquerda (PCP, BE e PEV), António Costa disse olhar com otimismo para um acordo para o Orçamento do Estado para 2019, esperando não estar a ser um "otimista irritante", como lhe chamou o Presidente da República.

"Não tenho nenhuma razão para pensar que em 2019 não vamos ter o Orçamento aprovado quando temos o de 2018, 2017, 2016", afirmou Costa, repetindo esta ideia pelo menos mais uma vez ao longo da entrevista ao DN, dias depois de, em entrevista ao Público e à RR, Marcelo Rebelo de Sousa ter admitido o cenário de eleições antecipadas se a maioria que apoia o Governo não se entendesse no próximo Orçamento.

O secretário-geral socialista e primeiro-ministro explicou que o executivo e os partidos de esquerda aprenderam, nos últimos anos, a negociar o orçamento, "em que cada um afirma as suas posições", numa "base muito leal, muito construtiva, com um esforço de todos para aproximar posições".

"[Mas] é evidente que no dia em que esta maioria não for capaz de produzir um Orçamento, esse é o dia em que este Governo se esgotou e, inevitavelmente, isso implica a queda do Governo", disse.

O cenário de falhanço é algo em que diz não acreditar, recusando governar com duodécimos, e até cita, na entrevista, uma frase dita pelo líder do PCP, Jerónimo de Sousa: "Como costuma dizer o PCP, enquanto houver caminho para andar vamos caminhando, e é isso que vamos fazer."

"Não há-de ser seguramente em 2019 que nós iremos frustrar a esmagadora maioria dos portugueses, que está satisfeita com o Governo, satisfeita com esta solução política, satisfeita com os resultados sociais e económicos desta governação", concluiu.

A menos de duas semanas do congresso nacional do PS, na Batalha, distrito de Leiria, Costa é ainda questionado sobre se pedirá ou não maioria absoluta nas eleições previstas para 2019, afirmando que não é por a pedir que "a tem ou que a deixa de ter"

"Um PS fraco não permite uma solução política como aquela que temos atualmente, porque é este equilíbrio de forças que tem permitido que possamos equilibrar os diferentes objetivos que temos de prosseguir", afirmou.

E deu os exemplos, como "eliminar a austeridade e consolidar as finanças públicas, assegurar o crescimento dos rendimentos e a produtividade da economia, atrair o investimento e desenvolver a proteção dos direitos dos trabalhadores, diminuir a dívida e investir nos serviços públicos".

Se tivesse maioria absoluta, António Costa insiste que manteria o diálogo com PCP, BE e PEV, por se tratar de uma "fórmula de solução política" com virtualidades que "não são a mera aritmética parlamentar".

"Tem virtualidades na dinâmica social, na dinâmica da vida democrática, na forma como o conjunto do país hoje olha para a Europa", afirmou.

A segunda parte da entrevista ao primeiro-ministro e líder do PS, feita pelo diretor, Ferreira Fernandes, e Paulo Tavares, diretor adjunto, será publicada no domingo.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela