Sábado – Pense por si

António José Vilela
António José Vilela
04 de julho de 2019 às 22:08

O Portugal que somos

Na última semana, ficámos todos a saber que o órgão que fiscaliza juízes é capaz de tomar (e bem) a decisão de aposentar compulsivamente um magistrado judicial por ter mentido em tribunal.

"Ver aquilo que temos diante do nariz requer uma luta constante", disse um dia George Orwell. Mas não é preciso ter o dom literário de Eric Arthur Blair, o escritor-jornalista que nos deixou bem mais do que um pseudónimo para a eternidade, para perceber que é muito difícil ver o que não se quer. E se isso faz sentido no universo de Orwell, entre a datada miséria dos sem-abrigo de Londres (revelada bem melhor por Jack London) e o mundo distópico de quintas de animais e do grande vigilante, também é assim no Portugal de hoje. Basta ter alguma atenção. Na última semana, ficámos todos a saber que o órgão que fiscaliza juízes - o Conselho Superior da Magistratura - é capaz de tomar (e bem) a decisão de aposentar compulsivamente um magistrado judicial por ter mentido em tribunal num caso familiar de uma herança. Mas não o faz para punir o mesmo juiz que, já antes, assediava e agredia a ex-mulher.

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