Sábado – Pense por si

Ricardo Adolfo
Ricardo Adolfo
05 de setembro de 2015 às 08:04

Os filhos em falta

Queria a sua vidinha como estava. O facto de a ilha estar a envelhecer e ao mesmo tempo a não procriar como as estatísticas recomendavam era um problema das estatísticas, nunca do seu útero

A converseta dos sogros sobre a procriação não foi bem digerida pela minha querida esposa. Nunca a ouvira discordar dos pais, muito menos de uma forma tão feroz. Segundo ela, o papel que lhe fora instruído desde o berço estava a ser representado na perfeição. Tinha estudado tudo o que lhe disseram para estudar, depois da faculdade arranjou emprego, e depois do emprego arranjou um homem para ser feliz para sempre, tal qual como fora ordenada. Era a esposa perfeita, cuidava do lar, cozinhava, esfregava, mantinha a casa num brinquinho. No entanto recusava-se a deixar de trabalhar e não achava que ainda estivesse na altura de ter filhos. Não oferecia nenhuma razão para o seu sentimento de despreparação, mais, não achava que tivesse de oferecer. Queria a sua vidinha como estava. O facto da ilha estar a envelhecer e ao mesmo tempo a não procriar como as estatísticas recomendavam, considerava que era um problema das estatísticas, nunca do seu útero.

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