Sábado – Pense por si

João Pedro George
João Pedro George
18 de novembro de 2020 às 07:00

Porões do esquecimento

Que o nome de Aguiar e Silva fique apenso ao Prémio Camões deixa-me indiferente. Na verdade, estou-me positivamente nas tintas para os prémios e para os premiados: os júris funcionam quase sempre com arbitrariedade e gosto pela lógica corporativa

A "fé cega" que Vítor Aguiar e Silva prestava ao Estado Novo levou-o a preferir, entre 1969 e 1974, o pão da política ao do ensino. Os discursos que proferiu na Assembleia Nacional (X e XI Legislaturas), como deputado da Acção Nacional Popular – partido único da ditadura, sucessor da União Nacional –, falam por si próprios. Exprimem, de forma inequívoca, a repulsa que a democracia liberal e a oposição ao regime lhe provocavam. Não só defendia a proibição do revolucionarismo marxista (quer quando se traduzia em actos, quer na sua forma doutrinária, verbal e panfletária), como se insurgia veementemente contra "a agitação e a anarquia" que, segundo ele, estavam a tomar conta das universidades.

Para continuar a ler
Já tem conta? Faça login

Assinatura Digital SÁBADO GRÁTIS
durante 2 anos, para jovens dos 15 aos 18 anos.

Saber Mais
Editorial

Só sabemos que não sabemos

Esta ignorância velha e arrastada é o estado a que chegámos, mas agora encontrou um escape. É preciso que a concorrência comece a saber mais qualquer coisa, ou acabamos todos cidadãos perdidos num qualquer festival de hambúrgueres