Otelo, o militar que não saltou para o cavalo do poder
De Fidel Castro a Miterrand, todos queriam falar, tocar, conhecer, o homem da revolução portuguesa que prometia um tempo novo na Europa, abrindo caminho para a democratização da Espanha franquista.
Durante o Verão Quente de 1975 o cavalo do poder parou três ou quatro vezes à porta de Otelo. Não o do poder institucional. Esse, na volúpia do tempo revolucionário, já o montava. Era o rosto central do golpe militar de 25 de Abril de 1974, o herói popular do movimento que devolvia a liberdade e a paz a um país exausto, pela guerra colonial, pelo medo da polícia política, por uma vida de futuro incerto. Esse prestígio militar emergente deu-lhe a liderança, logo em Julho de 1974, do poderoso Comando Operacional do Continente (Copcon) e da região militar de Lisboa. Na perspectiva de determinar o poder pela propriedade das armas, Otelo era o coronel todo-poderoso da época, à frente de quem se curvavam as forças partidárias emergentes, entre o agradecidas e desconfiadas do carisma revolucionário do homem que deixava um rasto de admiração pelo mundo da época. De Fidel Castro a Miterrand, todos queriam falar, tocar, conhecer, o homem da revolução portuguesa que prometia um tempo novo na Europa, abrindo caminho para a democratização da Espanha franquista. Otelo podia ter sido tudo o que quisesse nesse tempo de transição, nesses primeiros dias da mais bela euforia colectiva que vivemos. Não quis muito, não se deixou capturar pela mitomania. Não quis ser promovido a general de quatro estrelas, recusou honrarias e prebendas, o que lhe aumentou ainda mais o prestígio popular. E foi do meio do povo que emergiu o cavalo que o queria levar para as esferas do poder, um outro, não aquele dos palácios que todos os dias o chamavam. Também não quis ser levado em ombros.
Otelo, o militar que não saltou para o cavalo do poder
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